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Bolsonaro: os sinais foram ignorados


Bolsonaro: os sinais foram ignorados

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Jair Bolsonaro, candidato às Presidenciais do Brasil

Antes de ir direto ao fenómeno Bolsonaro, que está a assustar por um lado e por outro a fascinar o Brasil, ao seu adversário Haddad que é a (possível) alternativa e de como irá ser influenciado o resultado final desta eleição, fico muito preocupado é com outra questão: como é que no mundo civilizado ainda não percebeu o que aconteceu desde o Brexit.

Recapitulando, na Grã-Bretanha o Brexit ganhou e o politicamente correto começou a dizer para aí que os ingleses são um bocado burros e fascistas, sobretudo os velhos, nos EUA o Donald Trump chegou ao poder e começaram a dizer que os americanos também são, em França a Marine Le Pen tem um resultado muito significativo e diz-se que os franceses também são, Wilders cresce na Holanda e diz-se que os holandeses também são, começa a existir uma extrema-direita muito significante na Alemanha e começa-se a dizer que os alemães também são e… finalmente com Bolsonaro candidato favorito a liderar o país, diz-se que os brasileiros também são e não se está a parar para perceber porque é que isto está a acontecer. Isto é o mais importante a ser feito, logo é por essa razão que dou o título que dou a esta reflexão. Curiosamente são os mesmos que idolatram Che Guevara, Fidel Castro, Chávez, não se referem ao regime venezuelano, aplaudiram a eleição do SYRIZA e apoiam as soluções de Portugal e Espanha de governos que não venceram as eleições.


Falando sobre Bolsonaro, tenho de admitir que embora não seja nada admirador do estilo e expressões usadas pelo ex-militar, tenho também a convicção que se vencer a presidência brasileira será um homem diferente(como todos os políticos mudam quando chegam ao poder) e poderá até ser um melhor Presidente do que se espera. Sobretudo, porque quero acreditar que o Adolf Hitler não vai regressar e que o nazismo morreu definitivamente em 1945. Passo a explicar porque estou 50/50 relativamente ao que Bolsonaro possa ser como Presidente do Brasil:

Negativo- Primeiro, o seu discurso muito perigoso e condenável contra minorias raciais e sexuais (e estou longe de ser adepto da comunidade LGBT), mulheres e incentivo desmedido ao armamento. Segundo, embora não concorde que a ideologia do PSL e o programa do seu candidato sejam de extrema-direita, a estratégia de Bolsonaro é de extrema-direita claramente, enquanto que a estratégia da extrema-esquerda é a de virar os fracos contra os fortes, a estratégia do extremo oposto é a de virar fracos contra fracos(estando os fortes do lado dos fracos que vencerem e os que perderem a autoconsiderarem-se as vítimas), duas estratégias nada aconselháveis em democracia. Terceiro, o que me leva a ter mais receio deste fenómeno é a confusão e o enfraquecimento democrático que tem o sistema político brasileiro, que contém um número exagerado de partidos maioritariamente de esquerda e os de direita a terem nomes de partidos de esquerda, muita corrupção, ideologia fraca com deputados a já terem estado em sete e oito partidos diferentes, logo não vejo um povo e parlamento coesos para derrubar um ditador se ele existir.

Positivo- Primeiro, quando se olha para o Brasil, muitos consideram que é necessário haver mais disciplina económica e social, privatizações, programas sociais com auditoria, reforma trabalhista, segurança pública e rigor nos gastos públicos, isto é igualmente o programa de Bolsonaro que ao contrário do seu discurso e propaganda que são péssimos, o programa e excelente e contrasta com o nulo do seu adversário. Segundo, embora Bolsonaro não vá resolver na totalidade os problemas do Brasil, a verdade é que ver alguém assim é relativamente refrescante depois de 14 anos de governos PT que deixaram 14 milhões de desempregados, 190 mil empresas falidas e cerca de 240 hospitais sem funcionamento. Terceiro, o seu adversário foi de longe das piores escolhas para defrontar Bolsonaro, Haddad foi alegadamente um mau autarca em São Paulo(apenas com dois anos de mandato cumpridos), um péssimo ministro da educação nos governos PT(o analfabetismo não desceu) e representa a falta de ideologia que tem o tradicional político brasileiro de poder(com cedências inacreditáveis que alegadamente fez quanto à religião e aborto).


Esta é a minha análise quanto aos dois finalistas do concurso “Quem quer ser o Presidente de todos os brasileiros”, não apelando ao voto a nenhum dos candidatos, pois considero isso ser uma tarefa a decifrar pelo povo brasileiro. Tenho a certeza que Haddad não trará nada de novo e que Bolsonaro é um enorme ponto de interrogação.

Termino dizendo o seguinte, Jair Bolsonaro pode ser uma válvula de escape do sistema brasileiro, se for Presidente vai compensar os brasileiros e a sua frustração de coisas que não vai fazer com outras que vai fazer, isto também se pode aplicar a Haddad. Isto é a natureza, quer do fascismo quer do comunismo. Lembro os brasileiros e restantes povos também, que estas duas ideologias só triunfaram no passado devido à falta de capacidade dos democratas de esquerda ou direita de saber interpretar as pessoas, respeitá-las e de responder às suas necessidades.


Ignoraram os sinais, agora aí podemos ter um grande problema.

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Bolsonaro e Haddad, os dois candidatos às Presidenciais do Brasil

Jorge Afonso                                     26/10/2018

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