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De videojogos para as drogas


De videojogos para as drogas

“How to sell drugs online (fast)” não é uma série recente, no sentido que não saiu nestes últimos 2 meses, por exemplo, mas eu vi-a muito recentemente, e por isso o meu artigo de hoje vai ser dedicado à análise de algo, coisa que já não faço há algum tempo. Bem não vai ser bem de análise porque eu não sou crítico e não me vou focar no técnico, mas venho trazer-vos a minha opinião relativa à série.

Mas vocês agora perguntam-me: “Mas André, essa série não é de agora, quando é que saiu?” E é aqui que vocês me apanham porque ela é recente. “How to sell drugs online (fast)” foi lançada a 31 de maio deste ano, pela Netflix. Peço desculpa a confusão, mas foi só para perceberem que não era de agora, agora. É de um agora um pouco mais afastado. Mas também vos trago este artigo pela série não ter sido muito divulgada na altura em que saiu, e assim vejo se levo mais alguém a entrar neste mundo, que tem 2ª temporada a estrear no ano de 2020.

Mas bem, para vos centrar um pouco na trama, esta série retrata a história de um adolescente de 17 anos, Moritz Zimmermann, que para reconquistar a ex-namorada, Lisa Novak, começa a vender drogas online. Ok, não sei se vos apanhei de surpresa ou não, mas qualquer coisa não reclamem comigo. E não, a trama não é só isto. Claro que nunca é o que a sinopse dá. E sim, a história tem muito, mas mesmo muito mais que isto. Deixem-me também referir que a série é alemã, mas não se preocupem que o som alemão de fundo não vos incomoda ao ver a série. É uma questão de se habituarem.

Passando agora para a análise à série em si, digo que achei a série muito boa, senão mesmo excelente. Com todo um tema pesado por trás que é o uso de drogas ou até mesmo o acesso fácil à Dark Web, temos uma série que consegue cortar esses momentos tensos e apresentar comédia bem construída, que permite que nos esqueçamos que aquilo que estamos a ver é mau. E para verem a situação, até com os próprios avisos relativos ao uso prejudicial que a droga pode fazer, ou à explicação do MMDA eles conseguem fazer algo não muito sério. E sim, acho positivo que mais plataformas, as não tradicionais, como as produtoras de cinema ou canais de televisão, independentemente do país que é, estejam a trazer estes e outros temas tabu para quem é aficionado em séries e filmes.

E não, não é uma série usual de drama ou de comédia, ou até mesmo daquelas cheias de romances baratos que hoje, felizmente, só vemos nas novelas. A história tem um pouco de tudo, mas está bem construída, ligada e faz-nos perceber toda a trama sem enrolações ou banalismos. Também não convinha enrolar muito na trama porque a série tem apenas (infelizmente) 6 episódios, com a duração de cerca de 30 minutos cada. Só aqui já têm um ponto positivo a favor da série, porque assim aproveitam para descontrair de uma série com episódios de 1 hora, que atenção não sou nada contra, mas séries que se veem rápido são melhores. Mas continuando, a história apesar de se focar num ponto específico, mostra outros que, maioritariamente, os adolescentes atuais se conseguem relacionar, e acho que foi a existência de alguns desses pontos que me deixaram apaixonado pela série. E não, não sou drogado nem vendo droga na internet. A não ser que considerem os meus artigos como droga, mas isso é com vocês (brincando convosco).

Outro ponto positivo são os atores. Apesar de não ter nenhum ator renomado de Hollywood, a série tem uma qualidade de representação de nível norte-americano, o que demonstra e bem que mais pessoas deveriam ver séries mais internacionais, para ver se fugimos do que as produções dos EUA nos dão. A Netflix decidiu, então, apostar numa série alemã (com uma história verídica alemã), e por isso os atores são todos alemães. Mas não se preocupem porque a série está muito boa na mesma. Não é à toa que tem o selo da Netflix. Representações concisas, de nível de grandes produções, os atores conseguem demonstrar tudo o que se passa com os seus personagens, tendo sempre, também, aquele toque de humor ligeiro para amenizar e não tornar a série pesada. Porque também são adolescentes, e eu não vejo nenhum adolescente a ser sempre sério.

Outros pontos onde eu não sou especialista, nem quero armar-me em conhecedor, mas que falo porque acho que estão bons são a soundtrack e a cinematografia. A soundtrack porque para além da intro (e que intro, minha nossa) todo o background que temos em cada cena faz com que sintamos tudo o que está a acontecer. Um bom exemplo disso é o filme “Joker”. Claro que não estou a dizer que está igual, mas se viram o filme e perceberam tudo o que o personagem estava a sentir, com a ajuda da banda sonora, aqui foi mais ou menos o mesmo. Quanto à cinematografia, destaco as cores usadas em inúmeras cenas, que nos levam para o “consumo da droga” sem a consumir, e para não falar da genialidade das cenas pré-intro, que, não querendo dar spoiler, mostra como é que as vendas chegam e atingem quem as compra.

No global, encontramos uma série bem ligada, cheia de cliffhangers de episódio para episódio (e de temporada para temporada), e que cada vez mais temos a certeza que temas tabu podem ser falados em programas deste género, como as séries ou filmes. Basta vermos os exemplos de Euphoria ou de Sex Education que abordam temas tabu de maneira tão boa, que acabamos por nos esquecer que estamos a ver uma série que aborda aquelas temáticas. E se são daqueles que ligam às classificações, esta série está cotada em 8.0 no IMDb, e tem uma aprovação do público do Rotten Tomatoes de 91%.

Mas bem, espero que vejam a série, e até pode ser num dia que não tenham nada para fazer. Pesquisem pelo catálogo das séries da Netflix e comecem a ver esta série que vão gostar. E atenção, não é aquela série típica de verão para os jovens adolescentes. É para todos, porque só com o conhecimento é que vamos saber um pouco mais sobre os verdadeiros problemas da sociedade. E só mais uma pergunta, ainda aqui estão? Vão ver a série, vá.


André Ferreira                                04/11/2019

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