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The End of the F***ing World: uma segunda temporada quase tão genial como a primeira


The End of the F***ing World: uma segunda temporada quase tão genial como a primeira 

A série britânica The End of the F***ing World (TEOTFW) voltou para a sua segunda temporada no passado dia 5 de novembro. Estreou na Netflix no início de 2018 e rapidamente começou a dar que falar. Agora, após quase dois anos à espera, finalmente tivemos a oportunidade de assistir à continuação da história de James e Alyssa. Eis a minha análise acerca da segunda temporada. O artigo contém alguns spoilers.

TEOTFW apresenta-nos a história das aventuras de James (Alex Lawther) e Alyssa (Jessica Barden). Ele é um adolescente de 17 anos que tem uma estranha obsessão pela morte. Ele luta todos os dias contra o pensamento inevitável de que talvez possa ser um psicopata. Ela é uma rapariga rebelde que procura fugir da sua rotina aborrecida. Tudo muda quando os seus caminhos se cruzam e começam a desenvolver uma amizade um tanto ou quanto improvável. Alyssa é extrovertida, sempre em busca de algo que a faça sentir-se viva; James, por outro lado, é introvertido e cauteloso. No entanto, apesar de serem o oposto um do outro, completam-se. E é no desenvolvimento deste relacionamento que a série se foca. A aventura começa quando Alyssa propõe a James fugirem juntos. E é aí que ele vê a oportunidade de fazer algo que há muito deseja: matar uma pessoa, e vê Alyssa como um alvo fácil para o concretizar. No entanto, e devido às circunstâncias, acaba por se apaixonar por ela. E é esta a premissa da primeira temporada.

A fuga dos dois adolescentes acaba por se revelar um pouco macabra e repleta de peripécias que os fazem questionar os seus princípios. Pelo caminho conhecem Clive (Jonathan Aris), um professor e escritor que tenta violar Alyssa. A certa altura, a série dá uma grande reviravolta e as coisas começam a ficar um pouco mais dark que o habitual. O ambiente torna-se cada vez mais pesado, mas somos constantemente bombardeados com aquele toque de humor negro britânico tão caraterístico.

A primeira temporada terminou com um cliffhanger bastante dramático: James levou um tiro da polícia depois de ter sido apanhado pelos crimes que cometeu juntamente com Alyssa. Aqui, o espectador fica sem saber ao certo o que aconteceu de seguida porque, imediatamente depois do tiro, a cena corta para fundo preto. Afinal, James morreu ou sobreviveu? Apesar de a história original dos quadradinhos terminar com a morte da personagem, a segunda temporada chegou para nos mostrar um final alternativo. 

Em traços gerais, a segunda temporada está muito boa. No entanto, não tão boa como a primeira. Em termos de desenvolvimento da narrativa assistimos a  uma repetição da fórmula já usada anteriormente, mas que, de qualquer das maneiras, não desiludiu e acabou por resultar muito bem.

Logo de início somos confrontados com uma forte reviravolta da vida de Alyssa: saiu de sua casa com a mãe e foram ambas morar com a tia para o campo. É lá que conhece Todd (Josh Dylan), um rapaz por quem começa a nutrir um sentimento de amor. A certa altura e num momento de impulso, Alyssa sugere-lhe que se casem. E é isso que acontece apesar de ela lá no fundo saber que se pode vir a arrepender. No entanto, a jovem precisa de algo que a ajude a preencher o vazio que os últimos dois anos lhe trouxeram com a ausência de James. 

Por falar em James, sim, ele está vivo e pronto para entrar em ação na nova temporada. Nos últimos tempos esteve no hospital a recuperar do sucedido que o deixou às portas da morte. Ele e Alyssa estiveram separados durante muito tempo até ao momento em que chega Bonnie (Naomi Ackie), uma nova personagem que vai ser a responsável pelo reencontro de ambos.

Bonnie assemelha-se aos protagonistas: uma rapariga renegada por tudo e todos, que tenta encontrar um lugar onde se encaixe. O primeiro episódio da segunda temporada é todo sobre ela, contando a sua backstory e consequentemente a ligação que ela poderá vir a ter com o Alyssa e James. É aí que o espectador descobre que a jovem teve uma relação com o professor Clive, o psicopata que eles assassinaram na primeira temporada.

A nova temporada gira em torno da vingança de Bonnie e as suas tentativas para matar James e Alyssa. Como seria de esperar, as reviravoltas da narrativa são imprevisíveis, sendo que o espectador não sabe muito bem o que esperar. No momento em que algo corre de uma dada maneira, somos enganados à descarada e a história segue um caminho completamente diferente. E é isto que torna a série tão interessante: um enredo dinâmico, imprevisível, dramático e chocante.

Apesar desta temporada não ter sofrido grandes progressos em relação à anterior, há aspetos que merecem ser destacados: as personagens continuam ricas e complexas, nomeadamente James que parece ter sido quem mais evoluiu; os diálogos continuam dinâmicos, sem nunca faltar aquele toque de humor negro e sarcasmo; a relação entre as personagens está muito bem construída; a realização perfeita e o cuidado nos detalhes e planos. Do ponto de vista estético, destaque para a atmosfera vintage, acompanhado de uma banda sonora que encaixa na perfeição a cada cena. 

The End of the F***ing World é obrigatória para os apreciadores dos géneros drama e humor negro. Mostra-nos que ainda que tudo esteja a correr mal nas nossas vidas, não podemos olhar para isso como se fosse o fim do mundo, mas sim apenas como mais um obstáculo a ultrapassar.



Joana Simões                                09/11/2019

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