Avançar para o conteúdo principal

O Jogo da Vida e da Morte

O jogo da Vida e da Morte


Meus estimados leitores, é um facto que têm sido poucas as publicações nestas últimas semanas, brevemente voltaremos ao ativo, mas, entretanto, aqui vai mais uma publicação que considero ter um grande peso emocional, pelo menos para mim…

A morte. Será ela um final ou apenas o ritual de passagem para uma nova etapa da condição humana? Devemos encarar a morte com medo e tristeza ou encara-la com felicidade e festejar o que outrora foi vida?

Todas estas questões e muitas outras, passaram e passam incansavelmente pela minha mente nestes sombrios e estranhos dias. A verdade meus amigos(as) é que infelizmente e face ao que aconteceu, fui completamente apanhado desprevenido.

Recentemente acabei mesmo por perder um familiar, sendo este o primeiro e o mais próximo contacto que tive com a morte. Mal eu sabia que uma simples visita ao hospital, já não sendo a primeira, teria uma conclusão tão drástica e para algumas pessoas injusta como a que acabou por ter.

Ora tudo começou com uma consulta de rotina, nada que fosse anormal nestes últimos anos, face ao estado que a sua saúde apresentava. Já não sendo recente o historial de problemas relacionados com os pulmões e a respiração em geral, a pessoa em causa, nunca mais teve a vida que antes possuía, cheia de energia, e muito trabalhadora, no geral era uma pessoa lutadora.

Já no hospital os médicos identificaram baixos níveis de oxigénio no sangue assim como baixos níveis de tensão arterial o que automaticamente os preocupou, sendo a pessoa encaminhada para as urgências onde efectuou os mais diversos exames de modo a perceber o quão gravosa a situação realmente era .

De seguida já com os resultados dos exames analisados concluíram que o mais indicado a fazer, era internar essa pessoa com esperança de estabilizar a sua condição e nas melhores das hipóteses recuperar.
É incrível como a vida nos dá rasteiras e nos mete de joelhos, incapazes de fazer o quer que seja …

No segundo dia em que a pessoa estava internada, e como os familiares que a visitaram puderam constatar, a pessoa aparentava estar relativamente melhor, visto que falava normalmente e comia a refeição sem grandes percalços.

Todos estes acontecimentos do segundo dia, originaram alguma felicidade interior aumentando as expectativas e elevando inimaginavelmente a esperança de uma boa e positiva recuperação.

Como de uma cruel partida se tratasse, rapidamente uma felicidade ilusória apoderou-se de nós (familiares), acabando por não ter uma longa estadia, porque imediatamente no dia seguinte o destino iria testar as nossas forças mais profundas sem qualquer misericórdia.

Na noite de transição do 2º dia para o 3º dia, os enfermeiros aperceberam-se que alguns órgãos começaram a falhar, mais concretamente um rim, informações que a família só obteria por volta da hora de almoço do 3º dia.

Com os familiares cientes de tal notícia, houve uma clara inquietação que nos corroía aos poucos, conforme notávamos o agravamento repentino da sua situação.
Já a temer o pior, apressamo-nos a alcançar o hospital com a esperança de apoiarmos a pessoa quando mais precisava.

No hospital ficámos ainda mais tensos ao observar que o sujeito(a) em causa, não estava no habitual quarto junto dos outros pacientes. Ao dizerem-nos que estava num quarto á parte relativamente mais isolado, começa logo a cabeça a pensar no que não deve.

Assim, abriu-se a porta, lá estava na cama com respiração auxiliada por máquinas, cada respiração parecia mais fraca que a outra. Entre cada inspiração e expiração havia uma pausa que parecia nunca terminar, indicando a fragilidade com que o seu coração e pulmões trabalhavam.
Sem nunca falar, sem mexer os olhos e sem mexer o corpo, dava a ideia de estar presente e ausente ao mesmo tempo. Olhares assustados eram partilhados diante todos naquele quarto.
Lágrimas começavam a dar os primeiros sinais, ao surgirem uniformemente nos olhos de todos. Muito falámos para a pessoa na cama, sempre sem resposta, mas com uma respiração constante, mais fraca a cada minuto passado.

Mais tarde, a situação para a qual já nos estávamos a tentar mentalizar, embora sempre com esperança aconteceu…

Pi … pi … pi …pi … Ao quebrar o silêncio ensurdecedor que se sentia naquela divisão, surge um ruído repetitivo que parecia mais alto cada vez que tocava. Tratava-se de um som aterrador que indicava que a respiração do sujeito(a) estava a falhar.

A pouco e pouco, íamos caindo na realidade… até que chegou a hora da pessoa partir… rodeando a cama soubemos que tinha terminado todo aquele sofrimento que amaldiçoava os últimos anos da sua vida.

Diante dos meus olhos acabava de falecer uma pessoa da forma mais serena e graciosa que se pode imaginar. 

Ali terminou a sua vida neste mundo, mas iniciou-se outra num local onde o sofrimento, tristeza e infortúnios não existem.

Assim, partiu a minha Avó Adélia.              Descansa em Paz   13/7/1949----29/12/2017



Tiago Queirós  30/12/17

Comentários

  1. Meus sentimentos a família, estamos nesta vida terrena por um tempo, uma passagem de aprendizado, amor e evolução. Amar e respeitar todo o universo sempre. A morte vem a todos, uns mais jovens outros mais velhos, causas acidentais ou naturais mais ela vem... no plano espiritual onde os espíritos sao recebidos com amor e cuidados por espíritos superiores, mas logo sabemos que um dia todos se reencontrarão. Que sua avó tenha sido bem recebida e amparada para o caminho da luz junto a Deus.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A Palavra

A Palavra Antes de começar, deixem-me dizer-vos que estou a escrever este texto não porque aconteceu algo de importante que me tenha levado a escrever este artigo, mas sim porque cada vez mais noto a forma como é que a palavra (ou neste caso a falta dela) estão a influenciar tudo e todos. Para não começar já a disparar para todos os lados, e como todos devem perceber (alguns lembrar-se) antigamente a palavra era tudo. Era o que ditava o que iria acontecer (num determinado produto, ou num negócio, ou até mesmo numa simples confissão). Não sei a razão certa para isso acontecer, mas como não havia algo mais a que as pessoas se pudessem agarrar caso alguma coisa corresse mal, as pessoas acreditavam na palavra. Hoje, isso é algo que já não existe. Os “negócios” são feitos já com dinheiro, as confissões quase que não interessam (e aqui não me refiro só às da Igreja). A palavra já não conta para nada. As promessas são outra coisa que já não interessam. Uma pessoa hoje diz uma coi...

BlacKkKlansman: O infiltrado - Spike Lee volta a atacar

BlacKkKlansman: O infiltrado – Spike Lee volta a atacar No passado mês de setembro, estreou em Portugal o mais recente filme do cineasta Spike Lee: “BlacKkKlasman: O infiltrado”. Baseado numa história verídica, o filme passa-se nos anos 70 e conta como Ron Stallworth (John David Washington), um polícia afro-americano do Colorado, se conseguiu infiltrar no grupo Ku Klux Klan (KKK). Como braço direito, tinha Flip (Adam Driver), um detetive judaico. Em conjunto, comunicavam entre si, sendo que Ron era quem recebia os telefonemas e conquistava a confiança do líder do KKK, e Flip era enviado para interpretar Ron fisicamente. Depois de vários meses de investigação, Ron conseguiu tornar-se líder da seita, tendo conseguido sabotar vários planos associados a crimes racistas que o grupo planeava contra os negros. Apesar de nos referirmos a ele como um único grupo, Ku Klux Klan é o conceito utilizado para designar três movimentos distintos. Formada nos EUA no século XIX, trata-se de ...

A Época Da Falsa Solidariedade

A Época Da Falsa Solidariedade Imagem Representativa da Época Natalícia Já chegou novamente aquela época do ano, onde de repente se lembram todos que não podemos apenas olhar para o nosso umbigo. Uma altura onde surge dos locais e pessoas mais improváveis, uma vontade infeciosa e brutal de ajudar os mais necessitados e participar em campanhas solidárias. Embora não duvide que uma pequena quantidade destes projetos solidários, são realmente genuínos e estão assentes em valores e desejos honestos, infelizmente a quase totalidade dos esforços e ações solidárias, não possuem fundamentos nobres. O que referi em cima aplica-se na minha opinião maioritariamente às maiores corporações que têm o poderio económico e político para publicitar e divulgar, através de diversos modos, inclusive televisivos, estes eventos ao público. Estes movimentos solidários são na integra jogadas de relações públicas camufladas no mediatismo da época natalícia. Uma questão que muitas pessoas...

A Hora do mata-mata

A Hora do mata-mata Terminou esta semana a fase de grupos da Liga dos Campeões, uma das competições mais apaixonantes do desporto-rei. Para o futebol português foi uma fase positiva no sentido do futebol praticado, mas claramente negativa no apuramento e nos pontos conquistados. Fico muito satisfeito e dou parabéns ao FC Porto por ter sido a única equipa portuguesa que cumpriu a sua missão de passar aos oitavos de final da liga milionária, numa fase de grupos em que fez dois resultados absolutamente notáveis com o AS Mónaco e um com o Leipzig em casa e também jogos em que francamente cometeu erros e a equipa poderia ter feito mais, fora com os alemães e sobretudo nos dois confrontos com o Besiktas, mas no fim e com persistência: Objetivo cumprido. Porém há que admitir que terá de haver muita sorte para os dragões chegarem aos últimos oito emblemas a disputarem a competição, porque os possíveis adversários para a equipa de Sérgio Conceição são: Manchester United, PSG, Roma, ...

A Polícia do Politicamente Incorreto ( censura )

A polícia do politicamente correto (CENSURA) Olá a todos! É um privilégio ser o primeiro a escrever para este espaço. Agora vamos ao que verdadeiramente interessa. Esta nova modalidade que por aí anda, que pretende fazer com que todos tenhamos a mesma opinião sobre pena de incorrermos nesse horrível crime que é ter uma opinião própria. Caso alguém tenha a ousadia de se aventurar por esse caminho, é acusado de ser politicamente incorreto e o castigo para estes criminosos é um ataque acéfalo feito por todos os lados, ataques esses que vão desde: um simples “Cala-te pá” passando por insultos até culminarem, nessa coisa muito civilizada que são as ameaças de morte. Pois bem, mas quem faz parte dessa polícia são os “justice warriors” ou guerreiros da justiça. Que usam como seu quartel general/campo de batalha os espaços de comentário dessas redes sociais ou dos jornais. Estes “polícias” entendem por bem apenas quem diz aquilo que lhes parece bem usando um...