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Era uma vez... (mais) uma obra de arte de Tarantino

Era uma vez… (mais) uma obra de arte de Tarantino

“Once Upon a Time… in Hollywood” estreou no passado dia 14 de agosto e é o mais recente (e penúltimo) filme de Quentin Tarantino.

A história remonta à “Golden Age” do final dos anos 60 em Hollywood. Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um famoso ator conhecido pela participação em filmes e séries do género western, e que vê a sua carreira a entrar em declínio. Cliff Booth (Brad Pitt) é o seu duplo e amigo de longa data. Juntos tentam adaptar-se às grandes mudanças do mundo do cinema em Hollywood.

DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie são os três grandes nomes do filme. As suas performances são tão boas que fazem o argumento parecer uma coisa secundária. A atuação de DiCaprio como Rick Dalton é fenomenal, pois consegue transmitir todos os sentimentos da personagem da forma mais realista possível. Brad Pitt, tem uma boa prestação como Cliff Booth. Fez apenas aquilo que lhe competia, uma vez que a sua personagem é bastante linear e que carece de um pouco mais de desenvolvimento. Já Margot Robbie está, também, ótima na pele de Sharon Tate. As semelhanças entre as duas são incríveis e, apesar do pouco tempo de antena, Robbie conseguiu mostrar a essência e o glamour da atriz de “Valley of the Dolls”.

Quentin Tarantino tem habituado o público a realizações cinematográficas muito próprias e que, apesar de não serem para todos os gostos, são das melhores de sempre (como é o caso de Pulp Fiction, Django Unchained e Inglourious Basterds). Once Upon a Time… in Hollywood tem o seu caráter original, mas, ao mesmo tempo, tem influências dos filmes anteriores do realizador. 

Tarantino tem a especial habilidade de chocar o espectador, e quando menos se espera, lá aparece um fantástico plot twist que vira o desfecho da história de pernas para o ar, contando com toda a imprevisibilidade tão caraterística do realizador. Once Upon a Time… in Hollywood não foge à regra.  Um aspeto a salientar é o pouco sangue que este filme tem em comparação a outros de Tarantino. Ao invés, um certo humor prevalece nas cenas de violência, aspeto que acaba por ser revelar um pouco macabro, mas interessante.

Um dos aspetos mais marcantes do filme são as inúmeras referências à cultura musical e cinematográfica dos anos 60/70. A edição e cinematografia estão algo de sensacional com toda aquela atmosfera vintage que tão bem carateriza a época. Faz-nos realmente sentir em Hollywood. Já para não falar na espetacular banda sonora que dá mesmo vontade de dançar ao ritmo de cada canção.

Se é um filme lento e que não salta logo para a ação a que a indústria do cinema nos tem habituado? Sim, é. Perde demasiado tempo em alguns shots, bem como nos diálogos (perfeitos) entre as personagens? Concordo. No entanto, é necessário para nos envolvermos no ambiente da história.  

Acredito que o público gostaria de ter visto a verdadeira versão dos factos relacionada com a família Manson ser contada neste filme. No entanto, foi um ótimo final alternativo (e realmente satisfatório de se ver) ao destino trágico de Sharon Tate. É o contar de uma de utopia daquilo que poderia ter realmente acontecido. É Hollywood no seu melhor. 



Joana Simões                                  24/08/2019

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