Review da Web
Summit 2018
A 3ª edição da Web Summit arrancou no dia 5 de
novembro, na Altice Arena e na FIL, em Lisboa, e terminou no dia 8. Ao longo
dos 4 dias, contou com cerca de 70 mil visitantes.
Após em 2016 e 2017 o evento ter sido realizado em
Lisboa, o Governo Português fez uma parceria a 10 anos que permite manter a cimeira
na capital até 2028.
Palco principal da Web Summit |
O que é a Web
Summit?
Considerada como “a melhor conferência de tecnologia
do planeta”, a Web Summit reúne um conjunto de fundadores e CEO’s (diretores
executivos) de empresas de tecnologia, startups
de crescimento rápido, criadores de políticas e chefes de Estado. O objetivo é
dar a conhecer ao público as suas propostas inovadoras, bem como a realização
de talks onde dão a sua opinião acerca
dos mais variados temas atuais.
O 1º dia
Um dos oradores do primeiro dia da cimeira foi Tim
Burners Lee, o criador da World Wide Web.
Falou sobre a responsabilidade que cada um de nós tem em fazer da Web um lugar
melhor, livre e aberto. Debateu também o problema das fake news (notícias falsas) e como estas podem ser evitadas.
Lisa Jackson, vice-presidente da área ambiental da
Apple, discursou sobre as boas práticas da empresa em termos do ambiente e da educação.
Deixou uma mensagem sobre os contributos que a nova geração de empreendedores
pode ter relativamente às políticas de proteção do meio ambiente.
Uma outra figura de destaque foi António Guterres,
secretário-geral da ONU, que discursou sobre alguns desafios como, por exemplo,
o impacto que as tecnologias estão a ter nos empregos. Referiu também os
“males” da Internet, e em como minimizar os atos de ódio, violação de
privacidade, opressão e censura a nível online. Deixou um apelo à área da
inteligência artificial, afirmando que esta deve parar de contribuir para
finalidades de guerra.
Tim Berners-Lee, o "pai da internet" |
O 2º dia
O momento de destaque do segundo dia foi o debate do
papel das mulheres no mundo tecnológico e o combate à discriminação no local de
trabalho.
Stephanie McMahon, gestora de marcas da WWE (World Wrestling
Entertainment), discursou sobre o desporto feminino, e o facto de que este deve
ser encarado como um fenómeno global em crescimento.
Carlos Moedas, comissário europeu da investigação,
ciência e inovação, também esteve presente na cimeira e destacou o papel preponderante
dos jovens na inovação social.
Christopher Wylie, ex-funcionário da Cambridge
Analytica, falou sobre o caso do uso inapropriado de informações de milhões de
perfis do Facebook por parte da empresa, com o objetivo de manipular as
presidenciais norte-americanas de 2016.
As criptomoedas também foram um assunto de destaque
neste dia. No palco principal, o fundador da Draper Associates garantiu que o
dinheiro eletrónico é uma "enorme oportunidade para pensar o mundo de
forma mais global”.
O 3º dia
Greg Peters, produtor de conteúdos da Netflix,
discursou sobre como a tecnologia está a ajudar a plataforma a difundir as suas
séries, especialmente as europeias, por todo o mundo. Deu especial atenção às
produções espanholas e norueguesas, e anunciou que estão a ser desenvolvidos
novos projetos.
Ben Silbermann, cofundador e CEO do Pinterest,
explicou a sua posição acerca do uso dos motores de busca a partir de imagens,
discurso um tanto ou quanto irónico, uma vez que a sua plataforma se baseia na
partilha de imagens.
Tony Blair, ex-primeiro ministro britânico, falou
acerca da sua opinião quanto ao Brexit. Afirmou que “enfraquece a Europa e a
Grã-Bretanha”, e que vai fazer de tudo para o impedir. Acrescentou que o
objetivo fulcral deve ser construir uma economia digital mais justa.
Tony Blair criticou o Brexit |
O ex-campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, debateu
sobre a utilização e o abuso dos dados pessoais nas plataformas online, e
alertou para o facto de que devemos aprender a protegê-los. Criticou ainda os
países não democráticos pela forma como usam a tecnologia para limitar a
liberdade dos cidadãos.
Tal como à semelhança do ano anterior, o famoso robô
Sophia também esteve presente no evento, e veio acompanhada por um outro robô
de seu nome Han. Deixou uma mensagem muito clara de que “os humanos estão a destruir
rapidamente o seu mundo”, e que “provavelmente, a única esperança neste planeta
é um conjunto de cidadãos robôs altamente inteligentes e racionais muito em
breve”. O assunto de destaque foi o comando do mundo por parte da inteligência
artificial, e qual o rumo da aplicação dos robôs nos setores da sociedade.
Apresentação dos robots |
O último dia
Peggy Hicks, diretora do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos, levantou uma questão no último dia da cimeira:
será necessária a criação de uma Declaração Universal adaptada ao mundo
digital? A resposta foi simples: primeiro, é necessário aplicar os conceitos de
liberdade e responsabilidade ao mundo digital com a declaração atual. Só depois
se pode concluir se uma nova declaração é precisa.
Katherina Borchert, diretora de inovação da companhia
tecnológica Mozilla e antiga jornalista, falou sobre o jornalismo hoje em dia.
“O jornalismo está morto?”, foi a questão levantada. Através de uma sondagem, a
grande maioria das pessoas considerou que ele se encontra “doente”. Falou
sobre a dificuldade de praticar jornalismo de investigação, uma vez que este
requer um grande investimento. “É preciso construir mais oportunidades de
interação entre o público e os meios de comunicação social”, rematou.
Ainda na área do jornalismo, Ev Williams, fundador e
CEO da Medium e ex CEO do Twitter, defendeu que a evolução do jornalismo
passará por “uma incorporação maior da tecnologia nos media tradicionais”.
Deixou claro que a tecnologia nos pode ajudar a resolver muitos dos problemas
para os quais ainda não encontramos solução, e que aquilo que ela nos oferece,
é superior àquilo que pode existir de mais negativo sobre ela.
Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit, encerrou a
cimeira pelas 17:15 horas. Mas as palavras finais foram de Marcelo Rebelo de
Sousa, presidente da República portuguesa, que apontou três objetivos futuros.
O primeiro prende-se com o futuro da Web Summit, em Portugal, defendendo a
criação de diferentes versões da mesma. O segundo, sobre os refugiados,
apelando às pessoas que não se esquecessem do “resto da sociedade”. O terceiro,
consiste na “criação de um mundo melhor”, sublinhando que é necessário tornar
“mais visível que o problema das alterações climáticas é verdadeiro”. Chamou à
atenção para a luta “pelos valores, pela liberdade, pelo multilateralismo, pela
paz”.
Marcelo Rebelo de Sousa no encerramento da Web Summit |
E assim terminou mais uma edição
da Web Summit. Para o ano há mais!
Joana Simões 09/11/2018
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