Mundial 2018 | Oitavos-de-Final
Logótipo oficial do Mundial da Rússia 2018 |
Numa fase em que passa a ser o tudo ou nada, os “oitavos”
mostram-se, muitas vezes, injustos para certas seleções, e o Mundial deste ano,
não foi exceção. Após 8 jogos frenéticos, os vencedores e os presentes nos
“quartos” já são conhecidos.
Estando os “oitavos” arrumados, vou agora fazer um
comentário acerca de cada jogo:
França (4) –
(3) Argentina: um jogo bastante disputado por ambas as seleções. Não
foi uma primeira parte muito desequilibrada, sendo o momento alto da primeira
parte, o golo de Di Maria, marcado de fora da área, ao minuto 41, levando o
jogo empatado para o intervalo (a França já havia marcado, por intermédio de
Griezmann, aos 13 minutos, de grande penalidade). Mas o jogo viria a mudar por
completo a seguir ao golo da reviravolta da Argentina (aos 48 minutos, um golo
tão bom ou até melhor ao que Di Maria marcara na primeira parte). A partir
desse momento, a França pôs o jogo ao seu jeito, e em menos de 10 minutos, faz
a reviravolta e afasta-se no marcador. A Argentina viria a reduzir a
desvantagem, já no tempo de descontos, aos 90+3 minutos. Num jogo de loucos, a
segunda foi muito bem jogada por ambas as seleções, tendo tido, a França, a pontaria
certeira, quando necessário. Daí ter sido a França a passar aos “quartos”. Fica
uma vez mais a demonstração de uma Argentina carregada por Lionel Messi, neste
Mundial, e uma França, que parece cada vez mais difícil de parar, com um
excelente leque de jogadores capazes de dar cabo de qualquer setor defensivo.
Uruguai (2)
– (1) Portugal: este foi, talvez, o resultado mais injusto deste
Mundial, mas como se costuma dizer: “ganha quem marca mais”. E foi exatamente o
que se passou neste jogo. Um início de primeira parte bastante equilibrado, mas
até ao primeiro golo do Uruguai. A partir do golo, o Uruguai fechou-se no seu
meio-campo, impedindo assim, Portugal de explorar as costas da defesa. E foi a
partir desse golo que Portugal tomou conta do jogo, sem nunca conseguir marcar
(por vezes estava muito perto de a bola entrar na baliza, mas nunca conseguia
passar por Muslera). Na segunda parte, Portugal voltou com a mesma forma de
jogar, e tal como tinha apresentado na maior parte da primeira metade, mostrou
sempre um jogo com vontade de vencer, sem nunca deitar a toalha ao chão por
cada jogada perdida. O golo português viria a surgir ao minuto 55, por Pepe,
mas foi sol de pouca dura. Em 5 minutos, o Uruguai voltava a estar por cima, no
resultado. É de ressaltar que só por breves minutos (e na primeira parte) é que
o Uruguai teve jogo, a partir do deu primeiro golo, foi sofrer até ao fim.
Destaco, da parte de Portugal, o melhor jogo (não, a nível de resultado) neste
Mundial. Mostrou-se ser uma seleção guerreira (não fosse Portugal ter um
jogador com este nome), que honrou o nome do país na Rússia, e para todo o
mundo ver. E talvez, a par do jogo França-Uruguai, o melhor jogo dos oitavos de
final. Fica uma saída injusta, por parte de Portugal, e uma seleção, que conta
com dois “monstros” no ataque, capaz de fazer estragos e desequilibrar em
momentos oportunos, sem muito jogo para chegar à área adversária.
Espanha (1)
– *(1) Rússia: a derrota mais surpreendente dos oitavos de final.
Nunca ninguém, no seu perfeito juízo, imaginaria Espanha ser eliminada pela
Rússia. Mas, apesar dos números, a Espanha não fez muito para passar à próxima
fase. Apesar de ter sido um jogo um tanto ou quanto equilibrado, a Espanha
ganhou, apenas nos números, tendo ficado com uma grande diferença de posse de
bola, comparativamente aos russos. E foi uma infelicidade (e posterior
felicidade) da seleção da Rússia, ao ter “dado” um golo a Espanha (infelicidade
de Ignashevich, ao dar um golo ao adversário, e felicidade quando Dzyuba marca,
de grande penalidade). Até aos 90 minutos, a Rússia bateu-se bem para manter o
empate até ao fim, e mesmo no prolongamento, a seleção anfitriã fez o mesmo
para levar o jogo a grandes penalidades. E como aqui as equipas têm 50% de
hipóteses de passar, a Rússia soube aproveitar o embargo de ter conseguido
chegar aos penaltis e vencer a partida e a grande Espanha, destronando, assim,
um dos “tubarões” e favoritos a ganhar este Mundial. Deste jogo destaco o
(provável) último jogo de Iniesta ao serviço da sua seleção. Um país que perde
um grande jogador, mas ao menos, dá lugar aos mais jovens para jogar. Do outro
lado, destaco uma Rússia ambiciosa, e jogando em casa e com o apoio dos seus
cidadãos, está disposta a fazer impossíveis em campo para poder ganhar o
Mundial em “casa”.
Croácia
(1)* – (1) Dinamarca: duas seleções equilibradas, que quase copiaram
o jogo Espanha-Rússia. A única exceção é que os golos foram marcados nos
primeiros cinco minutos. A partir do empate foi “tu cá tu lá”, com destaque o
penalti que Modric “desperdiçou”. Ao final dos 120 minutos, a sorte foi para a
seleção da Croácia, que na eminência de ter a vitória nas mãos, não desperdiçou
e ganhou um jogo, muito bem disputado. Destaco a coragem da Dinamarca, que já
vinha da fase de grupos, e destaco, também, a persistência da Croácia para
conseguir chegar aos quartos-de-final. Agora é saber se tem estofo para ir mais
longe.
Brasil (2)
– (0) México: um jogo equilibrado, mas uma vitória que já era de
esperar. O Brasil tinha tudo para se chegar à frente no marcador muito cedo,
mas o azar da seleção sul-americana foi ter na sua frente uma seleção
experiente e muito boa, também, o México. E foi preciso esperar até à segunda
parte da partida para ver os golos a aparecer. Neymar, aos 55 minutos,
desbloqueava o marcador, enquanto que Firmino, aos 88, fechava as contas do
jogo. Apesar de um jogo equilibrado, foi o Brasil que procurou mais a vitória.
No final, ganhou a seleção que, vendo as outras ainda em disputa, tem tudo para
vencer este Mundial. Num frente a frente de seleções americanas, fica a que
mais futebol mostra em campo, e a ver vamos se a qualidade dos seus inúmeros
jogadores permite ao Brasil vencer o Mundial na Rússia, ou se acontece o mesmo
que no Mundial de 2014, quando esta levou 7-1 da Alemanha.
Bélgica (3)
– (2) Japão: mais uma seleção, que mais parece uma caixinha de
surpresas. Aqui não estou a falar da vencedora do encontro. O Japão, que já
tinha surpreendido na fase de grupos, fez calar o estádio e os adeptos belgas
de espanto quando se encontrava a vencer a seleção europeia por 0-2, golos
feitos em menos de 5 minutos (aos 48 e 52 minutos). Mas como nos outros jogos
destes “oitavos”, este também foi sofrer até ao fim. A Bélgica conseguiu
empatar o encontro, com 2 golos marcados, também em 5 minutos (aos 69 e 74
minutos), e até ao fim foi sofrimento certo. Quando estava tudo decidido para o
jogo ir a prolongamento, um canto a favor do Japão atraiçoou a seleção, e numa
situação de contra-ataque, aos 90+4 minutos, ao cair do pano, a Bélgica foi
feliz, ficou em vantagem, e terminou o jogo vencedor, mas sem nunca dar a
vitória como garantida. Ficou uma vitória justa, e destaco a garra da seleção
europeia neste jogo para ter a vitória na mão. Quanto ao Japão, despede-se
deste Mundial, aquele que foi o seu melhor Mundial da sua história. Agora, só
daqui a 4 anos.
Suécia (1)
– (0) Suíça: já era de esperar um jogo equilibrado, e após 6 jogos
em que a “loucura” reinou, este não foi diferente. Num jogo em que a Suíça
esteve por cima (e parece que foi hábito nestes oitavos de final), esta não
conseguiu vencer a partida e ter um lugar nos “quartos”. Aos 66 minutos, um
remate potente de Forsberg, e depois de um desvio que traiu o guarda-redes
suíço, fez abanar as redes, na única vez, fazendo com que a Suécia marcasse
presença nos quartos de final, algo que não acontecia desde 1994. De um jogo
não muito entusiasmante fica isto, Suécia nos “quartos”.
Colômbia (1)
– *(1) Inglaterra: aqui o “tubarão” também não caiu, mas viu-se em
situações complicadas para ganhar. Um dia marcado pela preguiça dos jogadores
(este e o anterior, foram jogos pouco “mexidos”), mais um que foi para
prolongamento. Uma primeira parte “morta”, foi a Inglaterra a primeira a
marcar, por intermédio de Kane, aos 57 minutos, de grande penalidade. Foi quem
procurou mais vencer na segunda parte, e quando já todos estavam à espera que o
jogo acabasse com a vitória da seleção inglesa, a Colômbia marcou, aos 90+3,
por Mina. O habitual. O jogo seguiu-se para prolongamento, e como nos outros
jogos, nada saiu dali. As grandes penalidades ditaram a vitória da Inglaterra e
o fim de uma maldição que agoirava a vida da seleção inglesa (esta não conseguia
ganhar um jogo nas grandes penalidades, pelo menos até ontem).
Não é que tenham sido uns oitavos-de-final maravilhosos, mas
algumas equipas foram as justas vencedoras. Quanto a outras, a injustiça
permanece, e nem com a ajuda do VAR, este ano, isso mudou. Para as que ficaram,
têm mais uma hipótese de se chegar à frente, e ficar mais perto da grande
final, para as outras, é esperar por mais 4 anos para voltar a estar presente
num Mundial.
Jogos dos
quartos-de-final:
Uruguai-França (6 de julho, às 15h, em Nizhny Novgorod)
Brasil-Bélgica (6 de julho, às 19h, em Kasan)
Suécia-Inglaterra (7 de julho, às 15h, em Samara)
Rússia-Croácia (7 de julho, às 19h, em Sochi)
Jogos dos quartos-de-final do Mundial da Rússia 2018 |
Feita a minha análise aos oitavos-de-final do Mundial da
Rússia 2018, despeço-me com a tristeza de, uma vez mais, não ter conseguido ver
o meu país a sagrar-se campeão mundial. Mas ainda há esperança. Agora é esperar
pelos “quartos”, e começar a fazer as apostas sobre quem é que irá à final e
vencer este Mundial da Rússia.
André Ferreira 04/07/2018
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