Aladdin ou Jasmine? Essa
é a questão
No artigo de hoje, vou fazer uma análise da adaptação em live-action
de Aladdin. Para quem não viu o filme, podem ficar descansados que
caso eu faça algum spoiler, avisarei previamente. Esta análise é realizada com base na versão original do filme.
Esta nova produção surge no seguimento das adaptações para Live-action,
que a Disney tem vindo a
fazer aos seus filmes mais clássicos. Aladdin parece ser, finalmente, a
confirmação da visão que os produtores da Disney têm para estas adaptações,
ou seja, ir buscar ao original alguns pontos chave da estória, mas ao mesmo
tempo dar-lhe uma releitura aos olhos do século XXI.
Antes de irmos à análise aqui vai a sinopse do filme:
Aladdin, um jovem ladrão que vive de pequenos roubos em
Agrabah. Certo dia este ajuda uma jovem, que, lhe diz que é a empregada
da princesa, no entanto esta é que é a princesa Jasmine. Aladdin apaixona-se imediatamente
e decide visitá-la no palácio, onde é apanhado pelo Vizir de maior confiança do
Sultão, Jafar. Este engana Aladdin, para que este entre numa caverna onde se
encontra guardada uma lâmpada mágica que guarda um génio, mas algo acontece
dentro da caverna que mudará para sempre a vida dos personagens.
Passando à crítica propriamente dita, vou começar já com a
parte dos efeitos e dos figurinos, pois é a mais fácil de falar, uma vez que falamos da Disney, e neste filme a
empresa do rato Mickey não desilude. Muito pelo contrário, os figurinos
coloridos levam-nos imediatamente para o imaginário do mundo das arábias, os
efeitos especiais, meticulosamente posicionados e tratados como se fossem
delicadas flores, são perfeitos. Até o CGI do Génio, que tanta discussão deu,
está sublime, provando que, afinal, pode, sim, fazer-se um trailer pior que um
filme e não o contrário (sim Sony e Warner Bros estou a falar de vocês).
A sequência inicial do filme é das mais práticas que vi
ultimamente, esta não perde tempo a esconder os personagens mais importantes
para a estória, pois de forma rápida, ágil e até divertida faz a apresentação
das mesmas.
Atenção, eu não tenho, por hábito, gostar de musicais em Live-action. Para terem uma ideia, eu até nem gostei muito da adaptação para este estilo de A Bela
e do Monstro, mas a de Aladdin, eu fiquei agradavelmente surpreendido, com a
facilidade com que as músicas ajudavam o avançar da trama. Aliás, verdade seja
dita, que a Disney pareceu que nos momentos musicais abandonou Hollywood e
viajou até Bollywood, o que ajudou o filme, pois para além de ser algo
diferente também casou bem com a escolha dos atores (muitos
deles com passado em musicais) e ainda se uniu melhor com o imaginário do
filme.
Outro ponto muito interessante do filme foi a sua vertente
mais humorística, que assentou que nem uma luva a esta releitura da estória, e
que ganhou mais força com a junção de uma nova personagem que, e dando os
parabéns aos argumentistas, parece que esteve na estória desde o inicio, devido à forma orgânica como esta se encaixou. Fez a estória evoluir e também de certa
forma engradeceu o filme.
O diretor Guy Ritchie tem uma prestação bastante boa, diria
até formidável, pois consegue juntar os seus truques de filmagem característicos
com aquilo que o filme pede e ainda, consegue imprimir um ritmo bastante
agradável à longa-metragem.
Passando aos atores:
Navid Negahban como Sultão (governador do reino, um homem
nobre e bondoso que procura um marido para a filha, ao mesmo tempo que, apenas, a
quer ver feliz): É uma atuação competente. Para ele não ficam guardados grandes
feitos, é mais a voz da razão e da sabedoria, respeitado por todos, ou quase
todos.
Alan Tudyk como Iago (a Arara de Jafar e seu único “amigo”; está sempre pronto a ajudar o vilão e tem a capacidade de dizer as coisas
erradas nas horas erradas, devido à sua enorme inteligência): Uma atuação
segura e divertida. Não há muito mais a dizer.
Marwan Kenzari como Jafar (o Vizir é o grande vilão do
filme. É guiado pela ganância e sede de poder): Aqui surge uma das maiores contradições
ao que os críticos têm dito, pois eu, ao contrário deles, até gostei mais do
personagem como ele é apresentado aqui, ou seja, menos vilanesco. Isto é, não é
um vilão tão pungente como o da animação. É mais real, mas menos medonho. Eu até
gostei da prestação do ator apesar de achar que este também tornou o personagem
demasiado introspetivo.
Nasim Pedrad como Dalila (a nova personagem, ela é a fiel
criada e confidente de Jasmine): Uma das melhores atuações do filme. A cargo
dela, estava basicamente o alívio cómico de grande parte do filme, coisa que a atriz
faz de forma praticamente perfeita.
Will Smith como Génio (o gigante azul que concede 3 desejos,
mas que não consegue cumprir o seu. É bondoso, divertido e acima de tudo um ótimo
conselheiro para Aladdin): o ator tem uma atuação igual a si mesmo, consegue
variar entre a comédia e o drama de uma forma extraordinária e acaba por de uma
forma única homenagear o Génio original, do ele também génio, Robin Williams .
Mena Massoud como Aladdin (apesar de ser um ladrão tem um
bom coração, mas a certa altura a sua paixão por Jasmine vai desviá-lo do
caminho): Esta atuação para mim foi das mais pobres do filme, não sei se era
pela pressão de fazer um personagem tão icónico, se por falta de capacidade, ou
de apoio da direção, mas este Aladdin parecia meio perdido em tela, só não ficou
pior porque, praticamente, nunca esteve sozinho em cena, o que o salvou e permitiu
que esta insegurança passasse de forma tão impactante para o público.
Naomi Scott como Princesa Jasmine (filha do Sultão, sonha em
poder comandar o reino e a sua própria vida, numa espécie de homenagem à sua mãe):
Antes de irmos à análise da atuação eu sei que vocês querem que eu fale do “ativismo
feminista” que é dado à personagem. Basicamente isso salvou o filme, pois
deu-lhe uma leitura mais moderna e encaixou bem na estória, e amigos lamento dizer-vos, mas o futuro da Disney será por aí. O modelo tradicional de princesas
vai acabar, lamento machistas idiotas, mas é assim. Bem, passando à atuação, só
vos digo uma coisa, VALHA-ME DEUS QUE ENORME ATUAÇÃO. Naomi está absolutamente
perfeita no personagem, a atriz transporta algumas caraterísticas da personagem
na versão original, mas dá-lhe uma leitura muito sua, para além do mais a
paixão, a garra e a intensidade que esta dá ao personagem, faz com que sempre
que entra em cena domine completamente e ofusca por completo os outros personagens.
A atriz disse, em mais que uma entrevista, que desde pequena que via Aladdin e
que sonhava como Jasmine, pois esta dava-lhe uma sensação de “empoderamento”
e tendo em conta a sua excecional atuação eu acredito piamente nisso. A atriz
e cantora tem também a seu cargo um dos momentos mais épicos do filme, com uma
música original, que ele interpreta de forma fantástica. A mim deixou-me todo
arrepiado. Já agora, só para terminar, acho, da atuação de Naomi Scott, que este
filme se podia chamar Jasmine.
Uma coisa que muita gente falou é na mescla de “raças
existentes no filme, mas na verdade isso é aceitável pois estamos a falar de um
reino inexistente, ou seja, é um não assunto.
Bem para concluir apenas tenho a dizer que eu gostei
bastante deste filme, sendo para mim o melhor Live-action da Disney até
agora e põe a fasquia lá no alto para o Rei Leão que estreia amanhã. Ou seja, amanhã o mundo irá ver se a jóia da coroa dos clássicos Disney foi tratado com o devido respeito, e se seguir o mesmo caminho que Aladdin podemos ficar
descansados.
P.S.: Estou a falar a sério mudem o nome para Jasmine, ou,
façam com que a Naomi Scott seja todas as próximas princesas da Disney, porque, minha nossa, que enormíssima atuação.
Francisco Gomes 17/07/2019
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