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A Verdade das Praxes Académicas- Dura Praxis Sed Praxis

A Verdade das Praxes Académicas- Dura Praxis Sed Praxis

Numa época onde as praxes universitárias ainda não são aceites pela sociedade na sua totalidade, venho aqui expressar a minha opinião e comentar com base nas minhas experiências, as atividades praxísticas.

Está mais que estabelecido que a praxe não é vista com bons olhos por muitos indivíduos, mas será que essas opiniões são baseadas em fundamentos válidos e reais?

O que é a praxe para mim? O que significa?

Tendo em conta que frequento ativamente as praxes, não demorou muito a concluir que a praxe tem um significado subjetivo, sendo que cada pessoa capta ou cria uma interpretação diferente deste fenómeno. O facto de os métodos e atividades diferenciarem de estabelecimento educacional, para estabelecimento educacional, auxiliam e fortalecem esta subjetividade.

Mas falando agora no meu caso, sou capaz de dizer com convicção e até reforçar se necessário, que a praxe é algo extremamente positivo e muitíssimo enriquecedor para o estudante académico. A praxe para mim é conviver, sorrir, aproveitar os bons momentos da vida e aprender a valorizá-los, a praxe é abrirmo-nos como ser humano e aprendermos a interagir uns com os outros, mas sempre de uma forma respeitosa e amigável, a praxe é fomentar o companheirismo interior assim como aprender a confiar nos outros tanto nos bons momentos, como nos maus.

Poderia escrever muito mais, pois a importância que a praxe representa para mim tem vindo a crescer de dia para dia, assim como a minha capacidade de me tornar numa pessoa melhor e mais ativa.
Todos os valores referidos em cima e muitos mais, são cuidadosamente inseridos de uma maneira subtil, em todas as atividades da praxe, quer sejam jogos ou uma simples conversa, pois cada atividade tem um moral, ou seja, tem o intuito de ensinar e transmitir aos caloiros como viver de um modo saudável e correto o quotidiano.

A praxe ensinou-me a não ter medo de arriscar no desconhecido, a praxe ensinou-me a não ser uma pessoa tão fechada, a praxe ensinou-me que uma atividade é muito mais que uma simples atividade e que os momentos, memórias e repreendas são uma possibilidade de crescer, adaptarmo-nos e superarmos os desafios que a vida nos lança.

Quais são as vantagens da praxe?

Além do que já referi no primeiro tópico deste artigo, existem muitas outras vantagens, como por exemplo:

O facto de ajudar na adaptação dos novos caloiros e estudantes á vida académica, que pode ser algo relativamente assustador ao início.

O facto de permitir aos caloiros, que se integrem num grupo de outros estudantes e formem novas e duradouras amizades muito rapidamente.

 O facto de devido às praxes ganharem um á vontade maior com colegas tanto do seu próprio curso como de outros.

O facto de as praxes permitirem, que alunos mais novos e outros mais velhos interajam entre si fortalecendo e unindo assim os Institutos e Universidades.

Mas sobretudo o facto de as praxes tentarem combater o egocentrismo e egoísmo com o tão falado "espírito uno".

O bom nome da praxe está em perigo?

É um facto que a praxe está em perigo á muito tempo, embora certos acontecimentos mais recentes tenham devastado completamente a sua imagem, a verdade é que as ideias negativas ligadas á mesma, têm uma origem mais longínqua.

Não há muitos anos a polícia rondava as cidades e se encontrasse praxes a ocorrer, eram imediatamente interrompidas. Ainda hoje em dia, embora de um modo menos interventivo e acusador, observam-se veículos policiais em zonas frequentadas por praxes.
A diminuição do número de estudantes que aderem á praxe, é também um perigo, pondo em causa a continuação destas atividades. Porque sem caloiros não há praxe e tendo em conta que a praxe é principalmente composta por caloiros, são evidentes as consequências que podem surgir.

Na minha opinião o número de indivíduos a participar nas praxes é um dado decrescente, porque a maioria dos mesmos vêm formatados com uma ideia má das praxes. Esta formatação é na maior parte das vezes reforçada pelos próprios pais ou familiares, que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre as praxes.
Face a este assunto estou ciente de colegas que frequentaram as praxes sem o conhecimento dos pais, e concluíram que participar foi das melhores escolhas que efetuaram, considerando-as atividades incríveis.

Algo que apenas rebaixa mais as opiniões sobre este tópico, são os meios de comunicação social, que encontraram na tragédia do Meco, a galinha dos ovos de ouro.
A tragédia do Meco foi se dúvida um dos pontos mais destruidores da ideia e opinião praxística na sociedade. Mas isso apenas aconteceu por causa de negligência, ignorância e má organização. O principal ponto que é abordado na organização das praxes é a segurança e bem-estar do caloiro, pelo que estão constantemente a perguntar como nos sentimos.

Por isso apelo a quem ler este artigo que não generalize a sua opinião relativamente ás praxes, com base nesta tragédia, que lamento desde já. Sim, perderam-se vidas neste caso, mas não é por isso que temos que pensar que irá acontecer novamente, nem o bom nome da praxe merece ser manchado por causa deste triste acontecimento.

Em nome de todos os atuais e futuros, membros do mundo praxístico, peço que tenham orgulho quando praxarem e ainda um maior respeito pela tradição. Peço ainda que façam com que esta aventura que está a extinguir-se, perdure por muitos mais anos.

Dura Praxis, Sed Praxis …

Tiago Queirós         07/05/2018
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