Rubrica | Universo de Heróis – Homem de Ferro
Como escrevi no artigo anterior (Universo de Heróis – O Início da Marvel Studios), o primeiro filme produzido pela Marvel Studios é, o chamado, Homem de Ferro. Este foi o filme que serviu
de “rampa de lançamento” do MCU.
No início, e como expliquei no número
anterior, os direitos cinematográficos do personagem Homem de Ferro pertenciam
à produtora New Line Cinema, e com o iniciar do Marvel Cinematic Universe (através da ideia de Kevin Feige de criar
um aglomerado no cinema com os seus personagens) e com o recuperar desses
mesmos direitos, a Marvel começava, então, em 2007, a produzir o filme deste
personagem. O filme contaria com a produção do “mestre” deste universo, Kevin
Feige, com a realização de Jon Favreau e com os atores Robert Downey Jr., Jeff
Bridges, Gwyneth Paltrow, Terrence Howard, entre outros, para dar corpo aos
personagens deste filme.
O objetivo principal do realizador,
Jon Favreau, era dar início a este universo fazendo um filme chamado “independente”.
Até começou por o ser, no entanto, com a necessidade do uso de efeitos
especiais, o filme acabaria por ter um tom mais de blockbuster.
O filme contou com um orçamento de
140 milhões de dólares para a sua produção e realização, tendo arrecadado, no
total, cerca de 585.17 milhões de dólares, em todo o mundo. Até ao momento, esta é
a 19ª melhor bilheteira dos filmes do MCU. Na sua semana de estreia, o filme
ganhou 111,67 milhões de dólares, por todo o mundo.
Homem de Ferro chegou às salas de cinema em 2008 (a
1 de maio em Portugal), e serviu de porta de entrada para o mundo compartilhado
de heróis nos cinemas (apesar de não serem mostrados outros heróis da Marvel no
filme, houveram diversas referências para deliciar um pouco os fãs). Também deu início à 1ª das 3 fases
(até agora) propostas pelo presidente do estúdio, Kevin Feige.
Antes de dar
a minha opinião, penso que devo falar um pouco sobre a história do filme (para
aqueles que não o viram). Por isso devo deixar o aviso: SPOILER ALERT!
O filme tem
início no Afeganistão e apresenta, desde logo, o estilo de Tony Stark
(protagonizado por Robert Downey Jr.). Este estava ali a promover uma arma que
criara (“Jericho”) e que tinha criado interesse no grupo terrorista Dez Anéis.
A fim de ter aquela arma, o grupo terrorista rapta o multimilionário e playboy
Stark, e é na gruta dos Dez Anéis que Stark conhece Yinsen (protagonizado por
Shaun Toub), que lhe tinha arranjado um dispositivo que lhe tirava os destroços
de uma explosão do coração.
Contra as
ordens do grupo terrorista, Stark e Yinsen criam um engenho capaz de os tirar
da gruta dos terroristas, mas para Stark se salvar, Yinsen teve de se
sacrificar. Ao chegar ao exterior da gruta, Stark depara-se com as suas armas e
com a armadura de ferro e alguns engenhos pirotécnicos destrói as armas
compradas pelo grupo Dez Anéis e escapa daquela zona (a voar), mas metros à
frente, a armadura falha e Stark fica a depender de si para procurar ajuda e se
salvar. Não foi ele que encontrou ajuda, mas foi o exército dos EUA, mais
precisamente o seu amigo Coronel James Rhodes (protagonizado por Terrence
Howard), que encontrou Tony.
Nos EUA, e
depois de ter sido acolhido por Pepper Potts (protagonizada por Gwynwth
Paltrow) e Obadiah Stane (protagonizado por Jeff Bridges), Tony Stark convoca
uma conferência de imprensa, a fim de dizer que a sua empresa (Stark
Industries) iria deixar de produzir armas. Com o alarido criado por Stark,
Stane acaba por descobrir o que fez com que Tony sobrevivesse (Obadiah engendrou
o plano com os Dez Anéis para matar Stark), e mais à frente vai virar-se contra
o seu parceiro por causa disso.
Com a
manutenção da paz em mente, e com o seu génio avançado, Tony Stark começa a
construir uma armadura em segredo, aproveitando, também, a ajuda do reator-arc
que tinha ao peito, para fazer funcionar o fato. E, como Tony não sabia que o
seu amigo e parceiro Obadiah Stane o queria afastar da empresa, e tinha sido
ele a intermediar as armas para o grupo terrorista, é numa festa que Stark vem descobrir
o verdadeiro vilão por de trás da guerra existente no Afeganistão. Sem mãos a
medir, e logo no momento em que a sua armadura estava pronta, Tony, no corpo de
Homem de Ferro, voa dos EUA até ao Afeganistão, onde interrompe um ataque do
grupo Dez Anéis à aldeia de Gulmira. No seu regresso aos EUA, o Homem de Ferro
é intercetado por caças norte-americanos, e para sair ileso da situação vê-se
forçado a revelar a sua identidade ao seu amigo, Coronel James Rhodes.
A fim de
perceber como é que Tony tinha fugido, o grupo Dez Anéis começou à procura de
destroços que lhes pudessem dar utilidade (pois podiam usar a armadura contra
Stark), até que os encontrou, juntou e entregou a armadura de fuga de Stark a
Obadiah Stane.
Como Tony já
não mandava mais na sua empresa (esta agora era controlada por Stane), Stark
manda Potts até lá para tentar descobrir os planos de Obadiah. Na empresa, e
graças a um dispositivo criado por Stark para esse fim, Pepper retira toda a
informação essencial do gabinete de Stane para a ir entregar ao Tony, no
entanto, teve de esconder o que estava a fazer pois Stane ia desmascarando
Potts. Pepper só escapou pois teve a ajuda de Phil Coulson (protagonizado por
Clark Gregg), um agente da S.H.I.E.L.D. (Strategic Homeland Intervention Enforcement
Logistics Division, uma agência do governo).
Os planos de Stane eram criar uma armadura melhor que a de Stark (e até conseguiu criar uma maior), mas era preciso uma fonte de energia e essa fonte, o reator-arc, só existia no peito de Tony. Então Stane viu-se forçado a roubar esse reator-arc de Stark deixando-o em perigo de vida (Tony só se salvou pois Pepper lhe tinha guardado o antigo, o que construíra na gruta). Já na posse do reator, Stane dirige-se para a Stark Industries, que era o sítio onde tinha guardado o fato, no entanto, e quando Stane tinha o Monge de Ferro completo, chega Pepper com um grupo de agentes da S.H.I.E.L.D., para o deter. Já dentro do fato, Stane tenta impedir os agentes de o prenderem, e quando se estava a aproximar de Pepper, para terminar com a sua vida, chega Tony Stark, o Homem de Ferro. Os dois, Homem de Ferro e Monge de Ferro, defrontam-se exaustivamente, com o Homem de Ferro sempre a tentar impedir o Monge de Ferro de ter sucesso, e é num momento de desespero (pois Stark já não estava a aguentar mais o combate), que Tony pede a Potts que destrua o reator-arc (o grande da empresa), a fim de impedir Obadiah. Quando Pepper destrói o reator, Stane não resiste aos ferimentos e acaba por morrer.
No dia seguinte, e de maneira a tentar
ilibar Stark, a S.H.I.E.L.D. convoca uma conferência de impressa, dando uma
desculpa para Tony Stark dizer que era inocente. No entanto, Tony fugiu ao que
estava planeado, revelando, a todos os presentes e ao mundo, que era o Homem de
Ferro.
Como em todos os filmes da Marvel Studios
existe uma cena pós-créditos, como é óbvio, o primeiro não é exceção, e nessa
cena está Tony Stark a chegar a casa quando se depara com Nick Fury
(protagonizado por Samuel L. Jackson), já dentro de sua casa, para lhe dizer
que ele não era “o único super-herói do mundo”. Na mesma cena, Nick Fury deixa
a ponta do véu levantada quando refere a “Iniciativa Vingadores” a Stark,
deixando a “porta aberta” para os próximos filmes de super-heróis do Universo
Cinematográfico da Marvel.
Estando o filme um pouco resumido (penso que está
resumido o suficiente para vocês, quem não viu o filme, perceberem), vou dar
agora a minha crítica ao filme.
Para um filme com uma personagem tão pouco conhecida
pelo público, e para uma época em que alguns filmes de personagens da Marvel
tinham sido considerados “lixo”, a reação a este filme até foi muito boa.
Posso dizer que Homem
de Ferro foi um “bom pontapé de saída” para o que viria a ser o universo
compartilhado de filmes com personagens Marvel, estas pertencendo ao MCU.
Arriscando, como disse, num personagem que não era muito conhecido pelo público
em geral (claro que os leitores assíduos das BD’s da Marvel o pudessem
conhecer), a Marvel Studios mostrou (para as outras produtoras que detinham os
personagens mais conhecidos das BD’s) que não era preciso ter um personagem grande
para se fazer um bom filme. Com este filme, a Marvel Studios trouxe para o
cinema uma nova forma de criar filmes de super-heróis, e mostrou que o cinema
de histórias baseadas em quadradinhos podia e pode ser feito de maneira simples
e lucrativa, podendo agradar, na mesma os leitores e os espectadores ao mesmo
tempo. Penso que, também, pelo facto de o personagem não ser tão conhecido,
levou mais pessoas a ver o filme, precisamente pela novidade.
Quanto ao filme em si, e começando pelo roteiro,
este contava uma história de origem bastante fiel aos quadradinhos, e a história
não era daquelas “toscas”, sem sentido nenhum. Pelo contrário, estava muito bem
escrito, com ligações muito subtis entre as cenas, contando muito bem a
história de origem deste personagem, levando, do início ao fim, um filme conciso,
ligado, e fácil de perceber, ou seja, não era um filme confuso.
Um filme com um tom cómico (um tom leve de comédia)
do início ao fim, um tom cómico a que sempre, a Marvel Studios, nos habituou, tendo,
também, um tom mais pesado, mais dramático, quando assim o filme o exigia.
A trilha sonora também tem as suas nuances. Encaixou
muito bem em todas as cenas, ou seja, nos momentos mais cómicos é usada uma
trilha sonora (pode dizer-se) não tão pesada (mas também não era cómica), e nas
cenas mais pesadas o uso de músicas mais pesadas para dar mais relevo às cenas.
A escolha de músicas heavy-metal foi
uma visão do diretor Jon Favreau, para dar ao personagem Tony Stark um ar de
estrela de rock.
Antes de passar aos atores, deixar um toque à
fotografia, que, apesar de não ser um expert,
as imagens captadas estavam muito bem enquadradas nas cenas, sem aqueles planos
sem “pés nem cabeça”.
Agora, quanto aos desempenhos dos atores, é inegável
que Robert Downey Jr. nasceu para dar vida ao personagem Tony Stark, tendo uma
performance, do início ao fim, de um verdadeiro ator. Jon Favreau referiu, numa
entrevista, que RDJ tinha sido escolhido para interpretar o personagem, muito
também pelo passado do ator ser parecido ao do personagem nas BD’s. Mas claro
que os outros atores, como Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges ou Terrence Howard,
não ficam atrás de RDJ. A ligação entre todos os atores é muito importante, e
as relações criadas entre eles também ajudam. Desempenhos de mestre num filme
de mestre.
Não me posso esquecer, claro, dos efeitos visuais
que, para aquela data e para o tipo de filme, foram excecionais, claro que só
superados por filmes posteriores (da mesma produtora). As cores, o brilho da
armadura, entre muitas outras coisas, estava tudo perfeito.
Para mim, este filme está, no global, uma obra de
arte. E, atenção, para uma produtora recente (naquela altura) no mercado do
cinema, superou, em muitos pontos, outras companhias rivais, não só em termos
monetários como também em termos de qualidade, tendo sempre atrás de si uma
enchente de fãs nos cinemas (sempre) para poderem ver as “novidades” do MCU. Em
Portugal, neste género de filmes, não existem aqueles “lunáticos” como nos EUA,
no entanto, gostava que houvessem mais pessoas a gostar deste tipo de filmes.
Sei que tal não acontece, porque antigamente, não existiam tantas pessoas a ler
bandas desenhadas como hoje porque, também, naquela altura não eram tão
vendidas, em Portugal. Mas deixo aqui um apelo aos leitores (quer sejam fãs
quer não sejam) que sigam mais este universo no cinema, pois este foi um mundo
criado e imaginado por uma pessoa, para, também ser experienciado pelo público.
Para concluir este artigo sobre o filme, vou só
referir que, para quem não viu, este é um filme que eu recomendo ver. Para os
que já viram, digo só que o revejam (não importam quantas vezes já o viram)
porque é, sem dúvida, um dos melhores filmes da Marvel, muito por causa de ter
sido o primeiro. Não posso dizer que é o meu filme preferido dos filmes do MCU,
mas fica bem classificado num top 10.
“Sometimes you gotta
run before you can walk.” / “Às vezes é preciso correr antes de aprenderes a andar” – Tony Stark, in Iron Man (2008).
O próximo número: Universo de Heróis – O Incrível Hulk
André Ferreira 17/05/2018
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