Praxe: Todos ralham e têm razão
No
seguimento de já ter sido publicado um texto acerca da praxe por parte do nosso
companheiro Tiago Queirós, aproveito então para me juntar ao tema e dar também
a minha opinião e posição sobre este tema fraturante, embora confesse que não é
fácil visto que é uma opinião/posição que até já me valeu alguns insultos e
discriminação, mas como costumo dizer aqui no blog, “vou dizer na mesma, pois
caso contrário, o nosso blog não teria o nome que tem.”
Vão fazer no
próximo mês de Outubro, dois anos desde que entrei pela primeira vez numa
instituição universitária como estudante, embora hoje felizmente já não seja
assim, desde o início me dei de caras com esta questão. Não tenho problemas em
admitir que quando era mais novo, só via fatos negativos acerca da praxe pelo
que via na TV, algo que me transmitia medo e durante anos disse que não queria
ir para a universidade por ter medo das praxes. Os anos passaram e comecei a
relativizar essa questão, ouvi pessoas que eram favoráveis à praxe, comecei a
pensar que talvez fosse algo engraçado, interessante e integrante, mas
continuaram ao mesmo tempo os maus testemunhos e foi por essa altura que
aconteceu a tragédia do Meco.
Experiência pessoal
Chega então
Outubro de 2016, fui fazer a inscrição à escola onde fiquei colocado e quando
cheguei à Associação de Estudantes, fui abordado sobre se queria ou não a
praxe, disse que não tinha opinião formada sobre o assunto, já tinha ouvido do
melhor e do pior, logo decidi que ia experimentar e ter a minha própria
opinião. Aceitei portanto.
Embora tenha
sido tudo menos agradável, consegui perceber a importância da praxe para muitos
estudantes ao nível do convívio e integração, a questão é que nem todos gostam
de conviver da mesma maneira, nem todos pensam da mesma forma e sobretudo, nem
todos devem ter o mesmo tipo de integração, ou seja, não somos todos iguais. É
aqui que eu faço uma crítica à praxe, não negativa, mas construtiva embora
admita que possa ser incompleta, ou seja, a praxe quando quer incluir e puxar os
de lá para cá, não faz muito isso no respeito pela diferença mas numa imposição
de igualdade(incompleta). Verifiquei que não existe uma igualdade entre superiores
e caloiros (às vezes tratamentos impróprios) e também verifiquei falta de respeito
pelos caloiros que não tenham presença assídua na praxe, vê-se aqui que a praxe
é mais dura para um caloiro que não tenha aparecido na(s) praxe(s)
anteriores(s), é aqui que aparece o ambiente pesado e até desagradável e se
ausenta o de boa integração e agradável. Foi com base numa situação destas que
o ano passado fui obrigado a abandonara a praxe de vez. Caso contrário… teria
existido violência.
Basicamente,
no meu primeiro ano como universitário, depois de ter experimentado a praxe,
até ter vivido alguns momentos agradáveis e ter tido pessoas que sempre me
respeitaram e tentaram manter-me na praxe, não considerei (aquela)praxe um modo
correto de integração, os amigos e colegas de praxe no geral nunca respeitaram
muito as minhas escolhas e visões sobre a praxe, tive uma madrinha que mal ou
bem, só se preocupava se eu ia às praxes e nunca acerca do meu percurso social
e académico num sitio que me era desconhecido e onde precisei que alguém me
guiasse(foi para isso que a escolhi), havia restrições ridículas quanto ao uso
do traje relacionada com a praxe e sobretudo, uma das coisas que mais me
impressão me fez foi ver alunos que não marcam presença nas aulas vez quase
nenhuma, mas não faltam a uma praxe. Esta última acontece em todo o lado, mas
não deixa de estar errado, é mesmo o contrário daquilo que significa estar na
universidade, é o esforço e os resultados que nos levam ao festejo e não o
contrário. Depois desta experiência e de ter mudado de universidade, não voltei
a frequentar a praxe. Esta foi a minha experiência.
Na nova
universidade onde estou, vejo coisas melhores, nomeadamente mais respeito e
menos preconceito em relação a que cada um pensa, quer em relação à praxe quer
a outras questões.
Minha posição sobre o
assunto
A praxe é um
tema já muito debatido na nossa sociedade, só não tem acesso a experiências e
informações sobre o tema quem não quer e ao qual eu não tenho nenhum “parti
pris”, ou seja, não sou a favor nem contra. Discriminar quem não participa nela
ou proibi-la por lei ou decreto, está igualmente e totalmente errado.
Não sou
adepto, nem opositor. Acho que os estudantes que vão entrar no ensino superior,
devem-se informar sobre a questão e decidir se têm ou não perfil para um
ambiente como a praxe e escolher ir ou não ir, embora admita(porque o fiz) que
é má ideia decidir só experimentar e depois querer sair, pois essa experiência
e falo por mim, só leva a descriminação por parte de quem faz parte e ficou na
praxe.
Quanto à
discriminação, penso que é mútua. Há muita gente que estupidamente ataca a
praxe sem saber nada sobre e só porque sim e é anti-praxe sem ter nenhuma
experiência ou conhecimento para isso; e igualmente há pessoas favoráveis à
praxe que representam uma juventude sem causas, em vez de estudarem ocupam-se
disto a desperdiçar o dinheiro dos pais e contribuintes e atacam as pessoas que
respeitosamente e justificadamente não concordam com a praxe.
A solução é
apenas uma para mim: respeitar quem pensa o contrário de nós e vivermos na
nossa!
Quanto a
mim, não acho que a praxe seja fundamental para uma boa vida social e
académica, isso para mim é: estudar em conjunto, almoços e jantares em casa uns
dos outros, apoio mútuo nas horas de dificuldade, etc… Mas se há quem viva
feliz com a praxe… só digo: Ainda bem e disfrutem!
No fundo, na
questão da praxe, todos ralham e têm razão!
Saudações
Académicas.
Jorge Afonso 10/5/2018
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