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Euphoria: a exposição nua e crua da realidade


Euphoria: a exposição nua e crua da realidade


"Euphoria" é a mais recente aposta da HBO e é a série que está a dar que falar. Explora as situações com as quais os jovens lidam no seu dia a dia, nomeadamente o uso de drogas, a sexualidade, o comportamento nas redes sociais, as doenças mentais, como a depressão, entre outras questões.

Rue (Zendaya), uma rapariga de 17 anos, é toxicodependente. Vive com a sua mãe e a irmã. O seu pai morreu quando era mais nova. Após ter sofrido uma overdose que a deixou entre a vida e a morte, começa a frequentar a reabilitação. Na tentativa falhada de deixar as drogas, Rue continua a encontrar-se com o seu dealer e amigo Fezco (Angus Cloud).

A vida de Rue parece um abismo sem fim. Mas tudo muda quando conhece Jules (Hunter Schafer), uma rapariga que acaba de se mudar para a cidade e que frequenta a mesma escola que Rue. As duas começam a conhecer-se melhor e tornam-se grandes amigas. É então que Rue se começa a sentir cada vez menos sozinha, pois admira Jules e identifica-se bastante com ela.

Ao longo de cada episódio vamos percebendo os problemas que cada personagem enfrenta, sendo analisada a sua backstory através de uma pequena viagem ao passado, essencial para perceber as motivações e personalidades de cada uma delas.

Um aspeto positivo é que a série não se limita a focar-se apenas na história de Rue, a personagem principal. Todas as outras personagens são igualmente interessantes: Cassie (Sydney Sweeney), conhecida pelo facto de a sua vida sexual circular pela escola inteira; Kat (Barbie Ferreira) que quer a todo o custo mudar a sua reputação e deixar de ser conhecida como a menina ingénua; Nate (Jacob Elordi), o típico “bad boy” da trama, que estabelece uma relação difícil com o seu pai e que acaba por se revelar uma personagem um tanto ou quanto complicada; Maddy (Alexa Demie), namorada de Nate, que apesar de todos os problemas na sua relação, é perdida de amores por ele.

“Euphoria” surpreendeu-me bastante pela positiva. Não estava à espera que fosse uma série tão profunda, que mexesse tanto com os sentimentos e que me pusesse a pensar e a debater sobre os diversos assuntos abordados. Desde o retrato da depressão, até às consequências do uso de drogas pelos adolescentes, da procura da identidade à aceitação do “eu”, não esperava ver assuntos tão controversos serem discutidos de forma tão aberta, tão crua, e ao mesmo tempo tão espetacular, tão bonita. A série tem vindo a ser bastante criticada devido ao facto de apresentar imagens explícitas de pornografia, drogas, depressão... Mas é precisamente essa exposição tão bem executada que torna a série única e que prende o espectador à história e àquilo que realmente se passa. A partir daí, temos a capacidade de ver como são as coisas na vida real, e “Euphoria” não cai no erro de romantizar os problemas que os adolescentes atravessam (o que acontece com a maioria das séries).

É de destacar a impressionante atuação de Zendaya. Com apenas 22 anos, tem-nos habituado a performances ótimas, mas, na minha opinião, é esta a melhor de sempre. O papel de Rue será, de certo, uma referência importante na continuação da carreira da atriz.

Outros aspetos que merecem destaque são a banda sonora e a cinematografia. As músicas são escolhidas “a dedo” para cada cena, e o ambiente da série é tão fantástico e envolvente que nos faz querer saltar para dentro do ecrã a cada momento.

“Euphoria” não é uma série para todos. Há que reconhecer isso. É, sim, para aqueles(as) que não têm qualquer tipo de preconceito, que querem ver expostos temas controversos sem medos, sem tabus. Portanto, se não tiverem essa capacidade, não vejam a série. Se tiverem, vejam. E debatam. Pesquisem. Informem-se. Há cada vez mais assuntos que necessitam de atenção e de ser discutidos abertamente. 

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Joana Simões                                  10/08/2019

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