Avançar para o conteúdo principal

Ao ponto que chegámos


Ao ponto que chegámos

Antes de começar a abordar o tema que tenho para hoje, deixem-me pedir desculpas por o meu artigo não ter saído na data habitual, mas como puderam ter visto ontem, algumas mudanças acabaram por surgir no nosso blog, que esperamos que todos gostem.

Posto isto, o assunto que me traz hoje aqui é, e não me agridam, o novo jogo da Hasbro, o Ms. Monopoly (que foi abordado pelo Francisco Gomes e pelo Tiago Queirós no podcast, “Liberdade de Expressão” da passada sexta feira). Antes de continuar, eu aviso já que a minha posição pode ferir muitas opiniões, mas também peço que leiam o artigo todo e não me julguem só por umas frases ou parágrafos.

Passando a explicar, a Hasbro anunciou na passada semana que um novo jogo da franquia Monopoly ia ser lançado para o mercado e que este teria uma visão melhor para o mundo feminino. Até aqui apoio esta ação da Hasbro, que sendo uma empresa grande (e que não quer perder dinheiro), acaba por abordar temas urgentes e importantes para a sociedade (de vez em quando). Concordo que haja (mais) inclusão no mundo, não só nos jogos, mas a criação deste Ms. Monopoly, com as regras que tem, é mesmo necessário? (responderei a esta pergunta mais para a frente).

Explicando um pouco do que este jogo trará, para além da mudança do género do personagem principal (que acho bem), o jogo em vez de ter propriedades (as normais que aparecem no clássico), vai passar a ter invenções importantes para a sociedade criadas por mulheres (também era um bocado parvo não fazerem isto mesmo). Mas, é a partir daqui que a coisa vai começar a complicar. Neste jogo as mulheres vão começar o jogo com mais dinheiro que os homens, e quando passam pela casa de partida recebem 240€ (vamos imaginar que são euros), enquanto que os homens recebem os habituais (e de todos os jogos) 200€. Acho que este jogo vai pecar em relação a isto porque nos anteriores todos, mas mesmo todos, recebiam e começavam com o mesmo dinheiro, mas enfim.

O jogo tem em vista que as pessoas denotem as disparidades existentes no mundo real entre os salários ganhos por homens e mulheres, no entanto estão a criar exatamente a mesma disparidade, só que no sentido inverso. Não digo que a Hasbro não se esteja a preocupar com este tipo de realidade, porque temos um jogo que aborda isso mesmo, mas não estarão, os criadores, a tentar criar outra realidade, tão má quanto a que existe no mundo real? Atenção, vocês podem reclamar comigo por eu estar a dizer isto e até me podem chamar de picuinhas, mas se realmente as pessoas que querem lutar contra esta desigualdade criarem outra, só que no sentido inverso, vamos denotar uma guerra de sexos pelo dinheiro salarial dentro das empresas (coisa que não é necessária). Mas não podemos achar que a Hasbro é uma boa empresa de jogos, porque na sua história recente, abordou num jogo a geração Millenial (um tiro ao lado, mas pronto. Acontece).

Ok, e perdoem-me se se sentirem ofendidos, mas a palavra feminismo, para mim, tem a mesma conotação que a palavra machismo. Mas atenção, isso é para mim. Mas agora não me chamem de machista porque isso eu não sou. Eu, apesar de não ir para o terreno lutar, defendo que deve haver igualdade, mas o ser feminista é querer que as mulheres tenham mais que os homens. Se eu já não gosto da sociedade em que vivemos agora, acho que não preciso de me referir se o contrário acontecesse. Mas atenção, reforço que esta é uma visão minha.

Eu sei que estou a entrar num campo minado, e que se isto chegar a pessoas que se consideram feministas, eu vou levar nas orelhas, mas respeitem a minha posição e escolham outra palavra que descreva o vosso (nosso) movimento, porque o que eu considero como feminismo é a luta que algumas pessoas (na sua maioria mulheres) fazem para conseguirem ter mais que os homens. Ou dando um exemplo que para mim é o feminismo, a atitude que Serena Williams teve para com o árbitro português, na final do US Open, no ano passado. Se não se lembram, vão lá rever o episódio e tirem as vossas conclusões. Agora, o que mulheres mais serenas fazem, pela luta dos seus direitos, sem subjugar o sexo oposto, aí sim eu apelido de Luta pelos mesmos direitos (eu sei que é um nome grande, mas vou continuar a chamar isto até arranjarem uma palavra mais bonita que feminismo). Mas pronto, isto foi mais como um desabafo, porque aproveitei o embalo que a Hasbro me deu e disse isto. Mas se me apetecer eu escreverei um artigo mais focado nisto do que é o feminismo para mim, caso não tenham percebido, ou se começar a ser julgado em praça pública.

Agora, respondendo à questão anteriormente colocada, e depois da explicação toda sobre o jogo, a minha resposta é simples: Não. A Hasbro, pelo que me pareceu, não deve ter abordado nenhuma mulher para a criação deste jogo, porque o real objetivo da luta pela igualdade de direitos não é que as mulheres passem a ganhar mais (nem sequer o mesmo). A verdadeira luta é para que os salários sejam remunerados de forma justa para todos. Acredito que a mensagem passada não seja a da existência de disparidades do sexo oposto, mas sim o de alertar para as disparidades atuais. Só refiro que não o estão a fazer da melhor forma, na minha opinião.

Antes de terminar, deixem-me referir que isto é apenas a minha opinião e a minha visão acerca do tema, uma vez mais. Sou completamente a favor da igualdade de género, e que as mulheres devem ganhar aquilo que realmente merecem, bem como os homens. Quer trabalhem mais, menos ou igual, o salário deve ser justo para todos de acordo com o seu trabalho. Ainda existe muita luta para que cheguemos a esse patamar, mas nós, população humana, temos voz e temos de a usar cada vez mais, e fazê-la chegar de maneira chata aos que realmente mandam, porque o capitalismo está a entrar numa fase assustadora, na minha opinião.

Agora sim, para terminar, deixem-me dar os parabéns para a mulher da minha vida, que sim, é um exemplo de perseverança e trabalho, numa sociedade que pouco ou nada ajuda, e que realmente me faz ver que sim, as mulheres precisam e merecem mais. Parabéns Mãe.



André Ferreira                                24/09/2019

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Hora do mata-mata

A Hora do mata-mata Terminou esta semana a fase de grupos da Liga dos Campeões, uma das competições mais apaixonantes do desporto-rei. Para o futebol português foi uma fase positiva no sentido do futebol praticado, mas claramente negativa no apuramento e nos pontos conquistados. Fico muito satisfeito e dou parabéns ao FC Porto por ter sido a única equipa portuguesa que cumpriu a sua missão de passar aos oitavos de final da liga milionária, numa fase de grupos em que fez dois resultados absolutamente notáveis com o AS Mónaco e um com o Leipzig em casa e também jogos em que francamente cometeu erros e a equipa poderia ter feito mais, fora com os alemães e sobretudo nos dois confrontos com o Besiktas, mas no fim e com persistência: Objetivo cumprido. Porém há que admitir que terá de haver muita sorte para os dragões chegarem aos últimos oito emblemas a disputarem a competição, porque os possíveis adversários para a equipa de Sérgio Conceição são: Manchester United, PSG, Roma, ...

A Polícia do Politicamente Incorreto ( censura )

A polícia do politicamente correto (CENSURA) Olá a todos! É um privilégio ser o primeiro a escrever para este espaço. Agora vamos ao que verdadeiramente interessa. Esta nova modalidade que por aí anda, que pretende fazer com que todos tenhamos a mesma opinião sobre pena de incorrermos nesse horrível crime que é ter uma opinião própria. Caso alguém tenha a ousadia de se aventurar por esse caminho, é acusado de ser politicamente incorreto e o castigo para estes criminosos é um ataque acéfalo feito por todos os lados, ataques esses que vão desde: um simples “Cala-te pá” passando por insultos até culminarem, nessa coisa muito civilizada que são as ameaças de morte. Pois bem, mas quem faz parte dessa polícia são os “justice warriors” ou guerreiros da justiça. Que usam como seu quartel general/campo de batalha os espaços de comentário dessas redes sociais ou dos jornais. Estes “polícias” entendem por bem apenas quem diz aquilo que lhes parece bem usando um...

A Palavra

A Palavra Antes de começar, deixem-me dizer-vos que estou a escrever este texto não porque aconteceu algo de importante que me tenha levado a escrever este artigo, mas sim porque cada vez mais noto a forma como é que a palavra (ou neste caso a falta dela) estão a influenciar tudo e todos. Para não começar já a disparar para todos os lados, e como todos devem perceber (alguns lembrar-se) antigamente a palavra era tudo. Era o que ditava o que iria acontecer (num determinado produto, ou num negócio, ou até mesmo numa simples confissão). Não sei a razão certa para isso acontecer, mas como não havia algo mais a que as pessoas se pudessem agarrar caso alguma coisa corresse mal, as pessoas acreditavam na palavra. Hoje, isso é algo que já não existe. Os “negócios” são feitos já com dinheiro, as confissões quase que não interessam (e aqui não me refiro só às da Igreja). A palavra já não conta para nada. As promessas são outra coisa que já não interessam. Uma pessoa hoje diz uma coi...

Maria Vieira: Grunhisse ou Liberdade de Expressão?

Maria Vieira: Grunhisse ou Liberdade de Expressão? Bem, eu tentei manter-me afastado do tema Maria Vieira durante muito tempo, não por medo ou qualquer coisa que se pareça, mas sim porque não queria perder o meu tempo com quem não merecia, mas a Silly Season que atravessamos atirou-me este tema para a frente dos olhos e não há como escapar. Atenção ela não disse nada ultimamente de muito polémico apenas calhou em sorte, ou melhor, azar, pelo menos para mim, que fui obrigado a ler quilómetros de disenteria escrita que esta senhora alegadamente (já explico o uso desta palavra) publica no seu Facebook. Mas antes de irmos ao tema do texto propriamente dito, vou explicar-vos quem é Maria Vieira. Ela é uma atriz, comediante portuguesa, ficou famosa pelos seus papeis ao lado de Herman José nos programas deste, mas também pela hilariante dupla com Ana Bola. Sendo carinhosamente apelida de “Parrachita”. Tem ultimamente trabalhado em novelas brasileiras. “Quais?” perguntam vocês...

Tecnologias: o Flagelo da Humanidade

Tecnologias: o Flagelo da Humanidade  Vivemos num mundo onde as novas tecnologias controlam (quase) por completo as nossas vidas. Este texto é uma espécie de chamada de atenção para um problema, se assim lhe quiserem chamar, que está a afetar-nos a todos.  A verdade é que diariamente consumimos, e deixamo-nos ser consumidos, pelos aparelhos tecnológicos que nos rodeiam. Smartphones, tablets, computadores e afins. Parece que já não conseguimos fazer nada sem eles. Se não tivermos acesso à internet por meia hora que seja, parece que a nossa vida acaba. Deixamos de estar a par de todas as novidades, de falar com quem queremos, de aceder às redes sociais. No meio de tudo isto, parece que nos esquecemos do essencial: a comunicação não virtual, chamemos-lhe assim. A capacidade de nos desligarmos de todas as tecnologias e tomar atenção à realidade. Comunicar com os pares, observar, ouvir, sentir. Falo por mim, olho à minha volta e vejo que há escassez de tudo isso. Eu próp...