Na Supertaça delas,
não há duas em três!
Os mais atentos ao panorama
geral do futebol nacional, já devem ter percebido qual será o meu tema de hoje. Para os restantes, aqui vai. Vou falar da Supertaça feminina de futebol, que opôs
o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Braga, em jogo disputado no Estádio
João Cardoso, em Tondela.
As duas equipas chegaram a esta final com
caminhos bastante diferentes na época passada.
O Benfica, que fez a época passada a sua primeira no futebol feminino, venceu tranquilamente o campeonato da
segunda divisão, e consequentemente subiu para a primeira divisão nacional. E
também venceu a Taça de Portugal, que levou as encarnadas a estarem presentes
nesta final. As mulheres da Luz chegaram a este jogo com o objetivo de
continuar com o seu 100 % de aproveitamento nas competições oficiais, pois em
todas que entrou, venceu. Chegava, no entanto, a Tondela para disputar a sua
primeira partida oficial, esta época.
Já o Braga, chegou a este jogo
depois de na época passada se ter sagrado campeã nacional da primeira divisão.
E que chegava a este jogo com vontade de manter o seu bom inicio de época, pois
as bracarenses já ganharam três jogos oficiais esta época a contar para a Liga
dos Campeões Feminina (aproveito este momento para dar força à equipa minhota
que esta quinta feira, joga mais uma vez, para a Liga dos campeões contra a Tetracampeãs
Europeias, o PSG. O jogo será transmitido pelas 20h00, no canal 11).
O jogo começou com um bom
ambiente nas bancadas, que se manteve ao longo de todo o jogo. Os adeptos
pareceram bastante responsivos, às vezes até em demasia, tanto em reações, como
no tempo em que estiveram em tela mas já lá vamos.
Quanto ao jogo propriamente dito,
quem começou melhor foi a equipa encarnada que dominou por completo os primeiros
10 minutos de jogo, mas logo depois a equipa bracarense conseguiu equilibrar a
partida o que fez com que o jogo se tornasse bastante interessante, com as
equipas a dividirem o domínio do jogo. Ou seja, ou mandava uma, ou mandava a
outra. Da primeira parte há que destacar o penálti falhado por Darlene, a capitã
e estrela maior do Benfica, que atirou ao lado. A falta parece-me evidente e foi
cometida pela lateral direita, que neste jogo teve azar, Rayane Machado.
Quanto à segunda parte continuou
igual à primeira com as equipas a dividirem os momentos do jogo. Mas
aos 49 minutos, Pauleta, médio
espanhola do Benfica, aproveitou uma
bola perdida à entrada da área bracarense para fazer um golo do outro mundo. Um
pontapé colocado com força e efeito. Basicamente um golaço do meio da rua, desta
atleta que curiosamente trocou a época passada o Braga pelo Benfica.
Na segunda parte é também de se
destacar a expulsão da lateral Rayane Machado, por acumulação de amarelos. E
aproveitando isto, vamos falar um bocadinho da arbitragem. Esta foi mediana nos
casos mais polémicos. Acho que acertou em 2 e no outro dou-lhe o beneficio da dúvida. Falo
dos dois lances passíveis de penálti, na área do Braga, um não assinalado e
bem, já o segundo, como eu já disse em cima, foi bem marcado. Já o lance que
originou a expulsão dá-me mais dúvidas. Numa primeira fase com o lance corrido
pareceu-me falta, na repetição pareceu-me ser um toque fortuito, decorrente do
movimento de corrida das atletas. Mas não consegui tirar as dúvidas porque a horripilante
transmissão do canal 11, o canal da Federação Portuguesa de Futebol.
Sim, amigos leitores, a transmissão
do Canal 11 e consequentemente da FPF, foi provavelmente a pior que eu já vi na
vida, não falo pelos relatos/comentários. Esses foram normais, foi mesmo a
realização que basicamente estava mais interessada em mostrar repetições e os
adeptos a insultarem a equipa de arbitragem, os adversários, uns aos outros, entre
muitas outras coisas que prejudicam a imagem do produto, ou seja, o futebol
nacional. Sim, energúmenos da FPF. Acham melhor mostrar coisas que estragam o
futebol, do que mostrar o jogo, fazendo com que as pessoas que estão a ver a transmissão
fiquem prejudicadas, devido ao reduzido Q.I do realizador, que não percebe que ninguém
quer saber das bancadas. A malta quer ver o jogo, e também que as repetições
devem ser mostradas em lances de dúvida e não nos lances normais.
Quanto às exibições das jogadoras
começo pelas más, ou pelo menos, pelas menos boas, porque nenhuma foi má a 100%
.
Do lado do Braga tenho de
destacar, Rayane Machado pelas razões lógicas e sendo fiel ao que tenho
escrito, e Farida Machia, entrou no decorrer da segunda parte e não acrescentou
nada.
Do lado encarnado Evy Pereira e
Darlene (nada tem que ver com o penálti que falhou), ambas estiveram bem abaixo daquilo que
fizeram a época passada.
Por fim, as que mais se
destacaram pela positiva.
Das arsenalistas sem dúvida a
guarda-redes Rute Costa, com um conjunto de intervenções de altíssimo nível. A
médio e capitão de equipa Vanessa Marques, que foi pau para toda a obra no
meio-campo, sendo uma das mais inconformadas do Braga, mas também grande responsável
pelo equilíbrio da equipa, aliás como Denali Murnan, a médio americana para mim
a melhor em campo do Braga sendo o grande pilar da equipa, acabou por se
mostrar lesionada no final do encontro mas espero que recupere rápido. Referir
também a avançada Shade Pratt, que causa bastantes dificuldades às encarnadas.
Do lado do Benfica, as melhores foram,
sem dúvida, a autora do golo, Pauleta, para além de ter decidido a partida, mostrou-se
igual a si própria com uma intensidade de ataque à bola bastante distinta. É superior
até a grande parte dos atletas masculinos. A guardiã Dani Neuhaus, basicamente com
uma mão cheia de boas intervenções permitiu a vitória encarnada. Tenho que referir
as atuações de dois dos reforços para esta época Cloé Lacasse, a canadiana que
atua sobre o lado esquerdo deixou muito bons apontamentos e demonstrou muita
capacidade de criação de perigo, falhando apenas o ultimo passe, algo que o entrosamento
com as colegas deverá melhorar, o outro reforço é Nycole Raysla, a avançada
brasileira, parece uma mistura de Seferovic, RDT, Félix e Jonas, isto é, a força
física do suíço, a disponibilidade física do espanhol, o talento do português e
a inteligência e classe do brasileiro. Basicamente temos talento.
E por fim aquela que mais me
entusiasmou ver jogar, que infelizmente saiu mais cedo por lesão, falo da jovem
portuguesa Andreia Faria. Mas que jogo do caraças, parecia a Jasmine de Naomi
Scott mas em futebol (se não perceberam esta referência leiam este artigo: Aladdin ou Jasmine? Essa é a questão). A médio atacou, defendeu, jogou e fez jogar,
atenção não é uma jogadora muito vistosa, no sentido que, não é muito
espalhafatosa no que faz (semelhante a Florentino, mas com mais influência no
jogo), mas as suas ações são pensadas ao pormenor. Basicamente é daquelas que
joga e faz jogar, mas anda sempre nas sombras. Apesar disto acho que prémio
de melhor em campo entregue a Pauleta foi inteiramente merecido.
Resumindo este jogo, a FPF, não
presta nem para transmitir um jogo, ou seja, mais uma vez provam a sua incompetência.
E mais importante que isto, a mensagem que eu retiro do jogo é quem tem uma
Pauleta (apoiada em Andreia Faria) tem tudo.
Para finalizar gostava de dizer
duas coisas em nome dos membros do blog. A primeira é lamentar a tragédia que ocorreu
há 18 anos, falo do ataque às Torres Gémeas, e dar as nossas forças às pessoas que ainda
sofrem com este atentado.
A segunda coisa, é um enorme obrigado a todos os bombeiros que estão (ou não) a combater
as chamas, no nosso país e não só. Porque hoje se celebra o dia Nacional dos
bombeiros profissionais, um enorme obrigado, mais uma vez, a esses homens e
mulheres que todos os dias arriscam a vida por nós.
Francisco Gomes 11/09/2019
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